Ao antigo sistema de passagem linear do tempo – passado-presente-futuro – deveria pois suceder legitimamente o sistema subexposto-exposto-superexposto, contribuindo assim para realçar a noção de temporalidade. Com isso, seríamos em seguida levados a revisar o estatuto das diferentes grandezas físicas: não apenas a hora, a semana, o mês das efemérides, o metro ou o quilometro das distâncias geográficas, mas ainda a alternância da luz e da sua ausência. Não somente a alternância diruno/noturno do dia solar, primeira medida do tempo, mas ainda o conjunto dos processos fisiológicos (sono, coma, cegueira...) e tecnológicos que fracionam a duração. Dia químico do gás, das velas e das tochas; dia elétrico, depois electrónico, das lâmpadas, dos tubos, das telas e dos painéis.
Paul Virillo, sociólogo francês contemporâneo
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