Quem viu Império do Sol, de Spielberg, não esquece decerto as cenas passadas no Bund, o quarteirão financeiro de Shanghai. Essa zona, toda a cidade, sempre exerceram um fascínio sobre o Ocidente, ou a grande metrópole não fosse conhecida na altura como "a meretriz do Oriente".
No Bund, um edifício tem ainda mais história para contar do que os outros, agora que Shanghai reencontrou o seu destino de praça financeira e porta da China de e para o mundo (depois de ter perdido o estatuto para Hong Kong quando os comunistas tomaram o poder, em 1949). Esse edifício é o Peace Hotel.
Somos suspeitos, sempre gostámos muito mais de Shanghai e das suas gentes sofisticadas e cosmopolitas ao fervilhar demasiado anárquico de Guangzhou (Cantão) ou à rudeza de trato dos que estão lá no norte político, Beijing. E passámos muitas tardes e fins de noite a ouvir a célebre banda de jazz do Peace Hotel, que conseguiu a proeza de sobreviver (física e artisticamente) à Revolução Cultural (1966-76). Hoje, já são filhos dos músicos originais que lá tocam, mas a música, um jazz clássico cheio de swing e muito "New Orleans", é sempre a mesma... Curioso, mas é verdade, se pedir para que toquem "Abril em Portugal", eles também o fazem.
Pois quem passar nos próximos tempos por Genebra, não deve perder a exposição que está patente na Cité du Temps, bem no centro da cidade. Nela encontrará fotografias da antiga Shanghai e especialmente evocações do Peace Hotel, que se chamou primeiro Palace Hotel, albergou em 1909 a Conferência do Ópio (destinada a desencorajar o seu consumo pelos chineses, depois do Ocidente o ter imposto) ou foi palco do casamento de Chiang Kai-shek, o Presidente da China nacionalista.
Na Cité du Temps (edifício usado pelo Swatch Group para as suas exposições temporárias), além das fotografias antigas, haverá a revelação do que será a reabertura do hotel, na Primavera de 2010, como Swatch Art Peace Hotel.
A nova unidade está a ser restaurada de acordo com um conceito único: combinará uma zona de lojas com um hotel onde apenas artistas convidados vindos de todo o mundo, incluindo a China, viverão e trabalharão, em estúdios integrados.
A única condição imposta pelo Swatch Group é que os artistas escolham algumas das criações que produzam no Peace Hotel de Shanghai e as deixem lá, onde passarão a fazer parte de uma colecção permanente, periodicamente mostrada ao público.
A exposição na Cité du Temps tem entrada livre, com horário das 09h00 às 18h00.
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