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sábado, 30 de julho de 2016

Relógios & Canetas online Agosto - Editorial - Verão quente, Outono gelado?


Verão quente, Outono gelado

Fernando Correia de Oliveira

A suíça Association Patronale de l’Horlogerie et de la Microtechnique – APHM, a central patronal da relojoaria, acaba de comemorar 100 anos. Com sede em Berna, tem a sua origem na Association cantonale bernoise des fabricants d’horlogerie (ACBFH), criada em Junho de 1916, em plena I Guerra Mundial e para fazer face a sindicatos cada vez mais fortes e radicalizados, a uma situação social explosiva (do Verão de 1914 ao Inverno de 1918, o preço do pão aumentou 108%, o do açúcar 195%, o das batatas 93% e o da carne 122%). Na base da instituição estiveram três grandes empresas da região - Paul-Emile Brandt (Omega), Henri Frédéric Sandoz (Tavannes Watch) e Baptiste Savoye (Longines). Foram tempos difíceis, esses. Mas a tradicional mentalidade negociadora suíça prevaleceu e conseguiu-se a redução das horas de trabalho, a institucionalização dos contratos colectivos. Aquando da II Guerra Mundial, a neutral Suíça e a sua indústria relojoeira conseguiram atravessar muito melhor a convulsão (também porque forneceu maciçamente a ambas as partes do conflito calibres de relógios usados como temporizadores de bombas). A APHM conseguiu sobreviver à crise do quartzo, no final dos anos 1970 e conta hoje com 106 empresas membros, representando cerca de 13 mil trabalhadores.

Alguns dados a ter em consideração, num quadro tido por muitos observadores como o mais grave das últimas três décadas:

Os lucros do Swatch Group, o maior do mundo no sector relojoeiro, caíram 52 por cento no primeiro semestre de 2016. A indústria relojoeira suíça enfrentou uma conjuntura difícil durante todo o primeiro semestre. O estado da economia mundial e dos mercados potencialmente mais fortes (China, Rússia), o franco forte, o relógio conectado, a insegurança e o terrorismo, provocando diminuição e alterações nos fluxos turísticos, contribuíram para a quebra na procura.

De Janeiro a Junho, as exportações relojoeiras recuaram 10,6 por cento em valor, comparado a Janeiro-Junho do ano passado. Em volume, a quebra foi de 11,9%. No primeiro semestre, saíram da Suíça 12 milhões de relógios, menos 1,6 milhões que em idêntico período do ano passado.

Em Agosto, a indústria relojoeira suíça fecha, cumprindo uma tradição secular. Vai de férias. Como reabrirá, em Setembro?

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