Os meus alegres, venturosos dias
Passaram como raio, brevemente;
Movem-se os tristes mais pesadamente
Após das fugitivas alegrias.
Ah falsas pretensões, vãs fantasias,
Que me podeis já dar que me contente?
Já de meu triste peito a chama ardente
O Tempo reduziu a cinzas frias.
Nelas revolvo agora erros passados,
Que outro fruto não deu a mocidade,
A que vergonha e dor minha alma deve.
Revolvo mais de toda a mais idade
Desejos vãos, vãos choros, vãos cuidados,
Para que leve tudo o Tempo leve.
Luís de Camões
quarta-feira, 16 de abril de 2014
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2 comentários:
Nem tudo o tempo leve há-de levar
se um grande amor o peito nos encheu
como é sem contradita o caso meu
que nem morrendo o tempo há-de apagar!
JCN
Amor e fantasia
Nem tudo o tempo leve há-de levar
se um grande amor o peito nos encheu
que foi sem contradita o caso meu
que nem morrendo o tempo há-de apagar!
Nisto, Camões, te levo a palma emcheio
por na realidade ter amado
uma mulherque sepre tive ao lado
em permanente e partilhado enleio.
Quando ele é fruto da imaginação
o tempo gomo a gomo o vai comendo
até seco ficar… o coração.
O mesmo não direi quando é profundo,
autêntico e real, durar podendo
ainda para além do fim do mundo!
João de Castro Nunes
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