Est. June 12th 2009 / Desde 12 de Junho de 2009

A daily stopover, where Time is written. A blog of Todo o Tempo do Mundo © / All a World on Time © universe. Apeadeiro onde o Tempo se escreve, diariamente. Um blog do universo Todo o Tempo do Mundo © All a World on Time ©)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Meditações - as Estações

Não tendes visto? Ora olhai:
A Terra muda de rosto,
Tal qual a gente, segundo
Vai da alegria ao desgosto.

A Terra é mãe... E foi noiva,
Em março, - linda Esposada, -
Recebeu-a o Sol, ao arco
Cruzeiro da madrugada.

Já quando as tardes seroam,
A lua reza o seu Terço,
Embala, à aragem de Maio,
Loiras searas, num Berço.

De Junho a Agosto é que são
Fadigas de amor, cuidados:
- Uns filhos ao colo, e os outros
Já tamanhões espigados! -.

Uns gritam de sede; àqueles,
Cresta-os o sol com seus lumes;
Alguns, precisam de arrimo;
Não torçam em maus costumes...

Estes caiem de altas árvores;
Outros, rolam pelo chão.
Mais tarde, (Graça e Sustento)
Esperam a comunhão...

Nisto chega o Outono e a Terra
Põe-se a arrumar os seus filhos:
Uns na adega, outros nas arcas,
Outros na tulha dos milhos.

A Terra é mãe. Tem seus modos
De amar a quem lhe quer bem;
Canta em Maio, a um berço de oiro?
No Outono, reza... Ela é mãe!

António Correia de Oliveira (1878-1960), poeta português

Sem comentários: