WTF is NFT?
Uma das personagens proeminentes no mundo da Alta Relojoaria
nos últimos 30 anos, o luxemburguês naturalizado suíço Jean-Claude Biver,
anunciou em Março o primeiro leilão de sempre de um relógio, neste caso um
Hublot, em versão NFT (Non-Fungible Tokens).
O leilão, que deveria ter começado a 31 de Março e acabado a
6 de Abril, foi, entretanto, adiado, para data desconhecida, e sem explicações.
A receita obtida seria totalmente destinada a fins caritativos.
O relógio em questão é um Hublot Bigger Bang All Black
Tourbillon Chronograph “Special Piece”, que tem feito parte desde há 25 anos da
colecção do próprio Biver. Que
continuará a ser proprietário do relógio físico, enquanto o vencedor do leilão,
se vier a ter lugar, ficará dono do NFT do arquétipo deste Hublot, além de se
tornar no primeiro dono de um relógio NFT.
Um NFT é uma entidade única, digital, que está autenticada
pelo sistema de segurança de dados blockchain (um registo de imagem e transacções
digitais que não podem ser falsificados). Tudo isto gira à volta do mais que
especulativo mundo das cripto-moedas, unidades de dinheiro virtuais.
Já há várias marcas relojoeiras que usam o blockchain para
combater as falsificações e possibilitar ao possuidor da altura saber toda a
história do seu relógio.
Para adensar o quadro, dizer que o sistema blockchain é
altamente poluidor – a energia que usa num processo de autenticação pode
equivaler ao gasto anual de energia de uma pequena localidade.
Estamos ultrapassados, ou não conseguimos ver num relógio NFT
qualquer tipo de valor? Aparentemente, estamos.
Um dos artistas mais cotados da actualidade, Damien Hirst,
está entusiasmado com tudo isto e quer lançar 10 mil NFTs de obras suas a óleo,
criadas há cinco anos. Hirst aceita cripto-moedas como forma de pagamento.
Disse ele ao The Art Newspaper: “Estamos a líder com o
conceito de valor em arte. E também com o de arte como moeda e uma forma de armazenar
riqueza. A arte não tem que existir apenas no mundo físico, pode também existir
no mundo digital e, agora com o blockchain, a posse dessa arte também será
possível”.
Para ele, tudo isto não é novo. “Artistas conceptuais nos
anos 1960 e 1970 disseram que a arte não existe enquanto objecto de arte,
existe na mente do observador […]. Estão a ser exploradas as fronteiras da arte
e da moeda – quando a arte muda e se transforma em moeda, e quando a moeda se
transforma em arte”.
Neste Triângulo das Bermudas – cripto-moedas, blockchain,
NFTs – está tudo doido, ou, por outras palavras, que horas são no seu relógio Non
Fungible Token?
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