Em quanto solto ao Sol brando ar movia
O ouro, que Amor de sua mão fia, e tece.
D'amorosos espíritos o ar se enchia,
De que amor doce em toda a parte cresce.
Um lhe dava o nó crespo, outro tecia
Laços, em que toda alma livre empece,
Outro o soltava ao vento, e parecia
Descer então o Sol mais do que desce.
Namorava-se o claro Sol da terra,
Ia crescendo o dia mais fermoso,
Minh'alma de si mesma estava fora.
Mas recolhendo o Amor, eis que se cerra
Triste o Céu, escuro o dia, o Sol queixoso,
E mính'alma dali sempre em vão chora.
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