Est. June 12th 2009 / Desde 12 de Junho de 2009

A daily stopover, where Time is written. A blog of Todo o Tempo do Mundo © / All a World on Time © universe. Apeadeiro onde o Tempo se escreve, diariamente. Um blog do universo Todo o Tempo do Mundo © All a World on Time ©)

sábado, 21 de agosto de 2010

Uma viagem à Suíça há 71 anos*

Dia 21

Quarto em Bienne 5 francos, almoço 2 francos.

Visitámos a cidade que pouco tem de notável, belos edifícios, estátuas […] belos estabelecimentos, parámos num museu que estava fechado

Uma cerveja (copo) 0,25 francos

Visita à fábrica Omega, fomos muito bem recebidos pelo seu director comercial que nos mandou acompanhar por um empregado também muito amável.

A fábrica exteriormente é um belo edifício muito grande.

Principiámos por ver a secção de decoupage – talhe das platinas e pontes nas grandes prensas, fresagem, máquinas que por si só rebaixam em todos os sentidos e feitios as platinas onde giram as rodas âncora volante tudo feito numa participação dos cuidados dos operários, a máquina só por si […] rebaixa nas diferentes alturas, galerias de fresagens de rodas e carretos, enormes. Nestas máquinas as rodas são feitas em grandes conjuntos, os carretos são fresados depois de torneados, mas o que mais me agradou ver, apesar do meu deslumbramento por tudo que lá tinha visto foi a secção de escapes e acabamentos.

A fabricação de volantes é curiosíssima: numa rodela de aço fazem uma escavação, ajustam um anel de latão que soldam a forte e como fica tudo mole com o fogo esta rodela é metida num laminador que tem 3 cilindros que a esmaga a topo em rotação e assim temperam o metal e aço do futuro volante, depois é torneado, rebobinado, furado e vazado, aperfeiçoado, polido e rasgado por fim.

Máquinas de parafusos que trabalham também automaticamente, um buril para a […] As árvores de tambor também é curioso e a fabricação toda automática: uma porção de buris cada um com a sua graduação vão fazendo mecanicamente os diferentes cortes, um macho abre a rosca, a arvore cai pronta, outra segue e tudo isto sem intervenção de ninguém.

A colocação das levés é feita em aparelhos que acusam 1/1000 de mm.

Todas as peças são controladas com aparelhos de grande precisão. A escolha de cabelos é rápida e precisa. Todas as secções são bem ordenadas, máquinas perfeitíssimas, operários que tomam conta de 5 e mais máquinas deslizando de umas para as outras em bancos com rodas que guiam sobre calhas – tudo é ordem, perfeição, limpeza, grandeza, mas onde se fica maravilhado é na secção de montagem e controlo, numa vasta galeria magnificamente iluminada.

Os operários – homens e mulheres, todos de bata branca impecáveis, uma grande fonte em mármore ao meio da casa com torneiras em toda a volta para lavagem de mãos, um esmero completo. Descemos, chovia, mas não há perigo, para pararmos ao…

[O manuscrito, tal como chegou até hoje, acaba aqui, faltando-lhe pois algumas folhas. A viagem foi, entretanto interrompida, devido ao clima de tensão que se vivia na Europa – a II Guerra Mundial estava prestes a começar (1 de Setembro de 1939, com a invasão da Polónia pela Alemanha e as subsequentes declarações de guerra da França e da Grã-Bretanha), e o relojoeiro Daniel de Campos Contente e o irmão tiveram receio de ficar sem transporte, antecipando o regresso a Portugal]

*ver contextualização aqui

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