De qualquer modo, há cronómetros que não são cronógrafos e a maioria dos cronógrafos não obedece às exigências de um cronómetro.
O mais conhecido certificado de cronometria é passado pelo Controle Officiel Suisse des Chronomètres (C.O.S.C.). Fundado em 1973 nas suas estruturas actuais, o C.O.S.C. é, em termos de direito civil suíço, uma associação sem fins lucrativos e de reconhecida utilidade pública. Foi criado por cinco cantões relojoeiros (Berna, Genebra, Neuchâtel, Soleure e Vaud) e pela Federação da Indústria Relojoeira Suíça (FH). Agrupou laboratórios que funcionavam independentemente uns dos outros desde finais do séc. XIX. Actualmente, o C.O.S.C. tem a sua direcção em La Chaux-de-Fonds e três laboratórios, em Bienne, Genebra e le Locle.
O C.O.S.C. emite mais de um milhão de certificados oficiais de cronómetro por ano, mas isso não representa mais do que 3 por cento da produção relojoeira suíça, o que realça o carácter excepcional do cronómetro.
Um relógio mecânico com certificado de cronómetro C.O.S.C. teve que submeter durante 15 dias o seu movimento a testes de comportamento, em várias posições e a várias temperaturas, não podendo ter variações diárias superiores a -4 e a +6 segundos. Os relógios de quartzo têm critérios ainda mais apertados, devendo todos estar munidos de sistemas de termocompensação.
O certificado C.O.S.C. é limitado a relógios produzidos na Suíça. Por isso, tanto a França, através do Observatório Astronómico de Besançon, como a Alemanha, através do Observatório Astronómico de Glashutte, começaram recentemente um serviço de emissão de certificados de cronometria, concorrentes dos C.OS.C. e abertos a todos os que queiram contratar os seus serviços. A diferença é que os certificados francês e alemão, obedecendo aos mesmos e rigorosos critérios, serão emitidos sobre o relógio totalmente montado e não apenas sobre o calibre.
Face aos tempos de espera que se registam hoje em dia nos serviços C.O.S.C., é de prever que marcas suíças recorram também aos serviços francês e alemão, num negócio que se prevê muito rentável.
Resta saber se a concorrência francesa e alemã abalará (ou reforçará) a posição mítica de que o C.O.S.C. goza entre os conhecedores de relojoaria, que não se importam de pagar substancialmente mais quando as quatro letras mágicas figuram num mostrador.
*A Máquina do Tempo, crónica publicada no suplemento Casual, Semanário Económico, de 21/09/2007
*A Máquina do Tempo, crónica publicada no suplemento Casual, Semanário Económico, de 21/09/2007
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