Santo Agostinho
Uma das mais famosas definições de Tempo, no Ocidente, é a que é dada por Santo Agostinho, no seu Livro XI das Confissões. “Pois, que é então o tempo? Quando ninguém mo pergunta, eu sei o que é; quando se trata de o explicar, já não sei”. Depois, Santo Agostinho especula sobre a relação entre passado, presente e futuro. E o presente, logo que acontece, torna-se passado, faz notar o Doutor da Igreja.
Pouco citado é o raciocínio que se prende a estes e que é feito à base das suas experiências musicais: “Quero cantar um trecho que sei de cor: antes de começar, a minha atenção dirige-se para o conjunto desse trecho; logo que começo a cantar, tudo o que lanço cá para fora cai no passado e vai parar assim à minha memória. Toda a minha actividade é assim dirigida em duas direcções: ela é memória em relação ao que eu disse; ela é futuro em relação ao que eu vou dizer. Mas a minha atenção continua presente, ela divide o que ainda não ocorreu do que já deixou de ocorrer… E o que se passa para o conjunto do trecho cantado, produz-se para cada uma das suas partes, para cada uma das suas sílabas…; isto é válido para a vida inteira de um homem”.
Isaac Newton
É com Newton (1643-1727) que a noção de Tempo adquire uma modernidade radical. Nos seus Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, o físico inglês apresenta duas noções de Tempo: “O tempo absoluto, verdadeiro e matemático, sem relação com nada exterior a si, que flúi uniformemente, e se chama duração. O tempo relativo, aparente e vulgar, que é essa medida sensível e externa de uma parte da duração (igual ou desigual) de um movimento: essas são as medidas das horas, dos dias, dos meses, etc… de que nos servimos normalmente em lugar do tempo verdadeiro”. É com Newton que se funda o emprego pelos matemáticos e físicos do parâmetro T. Existirá então um movimento perfeitamente uniforme que possa servir de medida fiável do tempo? Ninguém o pode afirmar ou infirmar. Mas Newton é taxativo: “O tempo absoluto deve fluir sempre da mesma maneira”.
Immanuel Kant
Kant (1724-1804), na sua Crítica da Razão Pura, escreve: “O tempo não é um conceito empírico ou que derive de qualquer experiência. Com efeito, a simultaneidade e a sucessão não surgiriam por si na nossa percepção, se a representação do tempo não lhe servisse a priori de fundamento […]. O tempo é uma representação necessária que serve de fundamento a todas as intuições. […]. O tempo tem uma única dimensão; tempos diferentes não são simultâneos, mas sucessivos. O tempo não é um conceito discursivo, ou, como se diz, geral, mas uma forma pura de intuição sensível”.
Só com Einstein se passa a tratar o Tempo apenas como mais uma coordenada e não como o cenário do Absoluto onde toda a Realidade se integra.
*A Máquina do Tempo, crónica publicada no suplemento Casual, Semanário Económico, 12/10/07
*A Máquina do Tempo, crónica publicada no suplemento Casual, Semanário Económico, 12/10/07
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