A Exposição vai estar patente até dia 12 de Junho, de 3ª feira a Sábado, das 11h00 às 13h00 e das 15h00 às 20h00.
Destaque para a peça Placa da Ordem de Cristo - Condecoração da ordem de Cristo, uma peça única e de elevado valor artístico.
Placa da Ordem de Cristo
Ouro, prata, diamantes-brilhantes, rubis e esmeraldas
Portugal, finais do século XVIII / inícios do século XIX
Dim: 8,4 x 7 cm
Peso: 38,3 g
Do catálogo:
Placa da ordem de Cristo realizada totalmente em diamantes lapidados em brilhante, rubis e esmeradas engastados em prata e ouro. Ao centro encontra-se o símbolo da ordem num círculo de onde parte uma radiação, tudo em diamantes.
No topo surge o símbolo do Sagrado Coração, finamente realizado em ouro com rubis e esmeraldas engastados. Para a realização desta belíssima insígnia foram utilizados 248 diamantes todos lapidados em brilhante de talhe antigo, com um peso total de aproximadamente 31,55 quilates. Possui ainda 78 rubis e 20 esmeraldas que constituem a coroa de espinhos que circunda o Sagrado Coração.
Esta bela placa é um importante testemunho da perícia dos joalheiros no decorrer do reinado de D. Maria I. Tratou-se de uma época com profusa produção de obras de luxo, pouco estudada, associando a uma grande quantidade de materiais preciosos, um conjunto notável de joalheiros e um desenvolvimento económico ímpar a que a primeira invasão francesa e a consequente ida da família real para o Brasil tudo pôs termo. Neste período destacam-se as duas gerações dos joalheiros da família Pollet, provenientes da cidade de Gdansk, na actual Polónia.
Adão Godllieb Pollet serviu D. Maria I desde 1777, sendo nomeado Engastador da Casa Real, em 1779. À sua oficina devem-se a execução de grande número de encomendas como um hábito da Ordem de Cristo para a Rainha, de 1778, “composto de diamantes brilhantes de pasmosa grandesa”, de paradeiro desconhecido, certamente desmontado, o alfinete com uma grande safira, de 1784, que ainda hoje se encontra no tesouro do Palácio da Ajuda e a célebre custódia da Bemposta, que executou para D. Pedro I, de c. 1775-1780, hoje no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa .
O seu filho, David Ambrósio Pollet, seguiu-lhe como fornecedor da Casa Real tendo sido a sua encomenda mais importante o conjunto de jóias que a Rainha mandou fazer para o casamento do Príncipe D. José com D. Carlota Joaquina em 1786. No final da década executaria as grandes insígnias, que são hoje a glória da joalharia portuguesa, conservadas pelos descendentes de D. Miguel, pertencente ao conjunto das Jóias da Coroa, no Palácio Nacional da Ajuda.
Na lapidação de diamantes destacou-se Tomás de Bastos entre outros poucos. É muito curioso destacar que mesmo que Portugal dominasse a produção de diamantes, com as minas do Brasil, - que alterariam profundamente a joalharia europeia -, registavam-se grandes dificuldades em encontrar quem os lavrasse entre nós. Assim se lamentava em 1784 o guarda-jóias de D. Maria, João António Pinto da Silva: “Parece serto que sendo Nós os Senhores dos diamantes deveríamos fazer todas as jóias guarnecidas destas pedras; mas a primeira dificuldade hé no lavrado dellas, porque em toda esta Corte não há mais que nove lapidários de brilhantes e estes tão preguiçosos...”
A grande placa executada por David Ambrósio Pollet, em 1789, para a Rainha, celebrando a reunião das três ordens militares, Cristo, Avis e Santiago, sob o Sagrado Coração de Jesus, quando da sagração da basílica da Estrela serviu de modelo da presente jóia . Certamente que a radiação de diamantes desta insignia acompanha, dado o carácter mais definido dos raios, outras obras da época como o resplendor da custódia da basílica da Estrela, lavrada entre 1789 e 1790 por António José Gonçalves .
A montagem dos diamantes, engastados em prata sobre ouro, num trabalho de vazado de grande qualidade, numa montagem à jour, permitindo a entrada de luz pelo reverso, maximizando o efeito dos diamantes, é contudo muito aproximada das do grande Tosão de Ouro que Pollet executou para o Príncipe D. João, em 1790, sem dúvida uma das obras maiores da joalharia europeia, nos finais do século XVIII, já eivada de classicismos.
Salvaguardando alguns exemplares em colecções nacionais são poucas as insígnias, e jóias em geral, inteiramente realizadas em diamantes, conhecidas deste período. A rápida evolução da moda a partir dos alvores de oitocentos ou as dificuldades vividas após as guerras liberais justificarão parte destes desaparecimentos. A documentação testemunha considerável número de jóias executadas em matérias mais nobres, mas que não sobreviveram. São assim hoje mais comuns peças com pedras como quartzos forrados, entre outras, que já no passado substituíam os diamantes.
Sem querer especular sobre os primeiros proprietários destas placa, não podemos deixar de considerar que dadas as suas características, como a alta qualidade da execução, o recurso a gemas de grande qualidade, poderemos estar perante uma figura de primeira linha da sociedade portuguesa, nomeadamente membros da família real ou da grande nobreza.
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