[...] Tarde de Agosto. Ao
longe, fechando o horizonte que a eira dominava,
as arestas dos montes quebravam-se numa sombra
igual, e embaciavam ainda o poente as suaves,
brandas pulverizações doiradas da última luz do
Sol. Riscos vermelhos de nuvens, como grandes
vergas de ferro levadas ao rubro, destacavam
imóveis num fundo verde-mar, esvaecido e meigo,
raiado de listrões de uma coloração leve de laranja.
Pequenos algodões transparentes, com alvuras de
neve, cortavam aqui e além, alegremente, a
monotonia profunda do azul. Num deslado, sob os
castanheiros próximos, surgiam os telhados da
aldeia, a torre branca da igreja, as paredes caiadas
da escola.
Trindade Coelho, Os Meus Amores
sexta-feira, 16 de agosto de 2019
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