Longínqua, uma guitarra perpetua o verão
na larga casa da saudade.
Abro as janelas do mar
e no clamor das ondas
o sol de agosto desce calmo
sobre os barcos.
Sou jovem em qualquer lado
onde há o brilho indomável
dos anos, antes destes,
e de outros, longe de ti.
Chegam pescadores do lado
dos búzios e dos limos
com os pés calçados de sargaço
e a tarde é um farol nas nossas mãos.
Cada palavra que dizes
é um rio junto à fonte,
uma claridade a abrir,
a subir a pique sobre o mundo.
Ouso pedir-te
que te escondas comigo
nesta ilusão de juventude
plasmada na minha varanda
aberta sobre o mar;
que não apresses a voz;
que me deixes cerzida num abraço,
e que a tarde caia sobre nós
fulgente de ouro e luz
alheia ao peso do cansaço.
Maria Isabel Fidalgo
domingo, 18 de agosto de 2019
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário