Sei-te sem precisar de olhar os teus olhos.
E tu estás próximo. Tanto
que nem distingues a minha sombra
da minha luz…
Sentámo-nos tranquilamente
no rebordo do mundo.
É sempre tão cedo em agosto!
Temos um bordado nas mãos.
Azul.
E nenhum fio solto nas paisagens
que deixámos para trás.
Vindo do lado das montanhas
um sopro de vento vagaroso
derrui a nossos pés a primeira folha,
a última maçã.
Também caíremos.
E nada dentro de nós estremece
diante desta imagem tensa.
A tarde vai descendo levemente
em direção ao mar.
A esta hora
tudo se parece já com uma despedida.
E sorrimos ainda,
[agosto é sempre tão cedo].
Se déssemos um passo atrás
não nos reconheceriam
os espelhos da casa.
Lídia Borges
segunda-feira, 19 de agosto de 2019
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