Coincidi com ele em várias viagens profissionais. Lembro-me dele, no circuito de Jerez de la Frontera e na viagem de autocarro de Lisboa lá e volta – o mais animado do grupo. Lembro-me dele agarrado ao arção de um barco ultra-rápido, ao largo de Saint-Tropez, não preocupado em não cair, mas antes absorto na venda de um relógio, pelo telefone, a ter que falar bem alto e com a água a vir de todos os lados, e os restantes passageiros atónitos com o seu à-vontade.
Aos 77 anos, José Manuel Moreira Teixeira, o "Senhor José Teixeira", como é carinhosamente tratado, acumula mais de seis décadas no sector, acumulando, ao mesmo tempo, amigos.
Fernando Correia de Oliveira
Editor-Chefe
Anuário Relógios & Canetas
- Nascimento - 15/set/1941, Bailundo, Angola (80km de Nova Lisboa/Huambo)
- Estudou até à 4ª classe no bairro de Benfica em Nova Lisboa/Huambo
- 5º e 6º ano feitos na escola Industrial
- Nessa altura (12 anos) começa a frequentar a Ourivesaria/Relojoaria/Ótica do tio Justino Lisboa Teixeira no Huambo/Nova lisboa
- Por ter jeito e interesse o tio (Justino) decide enviá-lo para estudar o ofício no Porto sob a tutoria de um empresário do setor, Sr. Pinto de Almeida
- Regressa a Angola, e dos 18 aos 21 anos trabalha com o tio Justino na Ourivesaria Lisboa
- Aos 21 vai para a tropa e consegue trocar o posto em São Salvador no norte de Angola e faz o serviço militar em Luanda - Nesta altura acumula turnos de 24h para ter 3 dias de folga seguidos que aproveita para trabalhar numa Ótica local (Franco Óculista). É em Luanda que conhece futura mulher e mãe dos seus filhos.
-Por gostar do seu trabalho, Franco oferece-lhe sociedade na ótica mas por consideração ao tio não aceita
- Volta para Nova Lisboa mas continua a visitar Luanda e quando decide casar é o Sr Franco da ótica que faz o pedido de casamento ao futuro sogro
- O tio Justino reforma-se e distribui as quotas da sociedade por ele, mais 2 outros tios (Rómulo e Fernando) e um outro sócio (Vitor Miranda)
- Juntos abrem uma nova loja em Nova Lisboa com melhores condições, suficientes para satisfazer a clientela que crescia diariamente
- em 1975, a reboque da revolução vem para Portugal e juntamente com os restantes sócios abre em 1976 a 1ª Ourivesaria Camanga no CC Imaviz na Av Fontes Pereira de Melo
- a Camanga, pela mão dele, dá logo nas vistas pela cuidada seleção e exposição de artigos de joalharia e ourivesaria com designs e materiais inovadores diferentes de tudo o que havia no mercado de então
- fruto tanto da vontade de expandir como de empregar familiares vindos de Angola, abrem nos anos seguintes outras lojas pelo país: CC Alvalade (gruta), Torres Vedras, CC Sopal no Chiado, Marina de Vilamoura, e mais tarde também no CC Grão Pará na rua Castilho e também no CC Amoreiras
- Nos inícios dos anos 90, depois de desfazer sociedades entretanto estabelecidas com os irmãos, já em conjunto com os filhos, e porque como tantas vezes costuma dizer “a quantidade é inimiga da qualidade” faz o percurso inverso e vão fechando lojas até que em 2001 fica apenas a loja no CC Alvalde.
- em 2011, fruto da reestruturação do CC Alvalade e da necessidade de satisfazer uma clientela Angolana que crescia exponencialmente em quantidade e qualidade, numa decisão arrojada nasce a atual Camanga junto ao El Corte Inglês em Lisboa, na altura a maior Ourivesaria em Portugal, com um design e características ainda hoje únicas no setor.
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