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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Relógios & Canetas online Novembro - Editorial - O mistério português


Editorial do Relógios & Canetas online de Novembro, que pode ser descarregado na íntegra, grátis, aqui ou aqui.

Qualidade, quantidade e o mistério português

Fernando Correia de Oliveira

Desde o início do ano, a indústria relojoeira suíça exportou menos um milhão de relógios do que nos primeiros nove meses de 2012. Mesmo assim, o ano poderá terminar com mais um recorde, já que, no período em análise, o valor exportado aumentou 1,9 por cento.

Conclusão – a Suíça vende cada vez menos relógios (a tendência de diminuição no volume vem desde há vários anos) mas peças cada vez mais caras. O valor acrescentado, o valor apercebido, o valor que o mercado está disposto a pagar pelo Swiss Made inscrito num mostrador tem aumentado sustentadamente. Um caminho que Portugal tem tentado percorrer, com cada vez mais valor acrescentado nos seus tradicionais produtos de exportação, da cortiça ao calçado, passando pelo vinho ou o têxtil. Aumentar o valor acrescentado é a chave.

Em Setembro, por exemplo, apenas os relógios abaixo dos 200 francos suíços (preço de exportação) registaram um declínio (-12,7 por cento) em termos de volume. O maior aumento ocorreu nos relógios entre os 200 e os 500 francos (superior a 20 por cento). Acima dos 500 francos, o aumento foi de 8,8 por cento em valor e 7,3 por cento em volume.

Mas, no mês de Setembro, a verdadeira surpresa veio da costa ocidental da Europa. Sim, de Portugal. Um país sob assistência financeira externa, com o consumo interno praticamente paralisado, registou nesse mês o maior aumento homólogo no valor das importações relojoeiras helvéticas – 188,9 por cento em valor. Não dispomos do comportamento em termos de quantidades, mas a tendência tem sido também a de diminuição. Em Setembro, Portugal foi o 14º mercado mais importante para a indústria relojoeira suíça – representou 27,3 milhões de francos suíços.

Mercê do comportamento em Setembro, e consolidando uma tendência que se tem verificado ao longo de todo o ano de 2013, Portugal foi nos primeiros nove meses do ano o 22º mercado mais importante - com um aumento de 46,8 por cento face a idêntico período de 2012. Assim, e mesmo no meio de uma crise profunda, Portugal poderá fechar 2013 com mais um recorde no valor das importações de relógios provenientes da Suíça.

Explicações para o aparente mistério? O consumo de turistas – especialmente em Lisboa – com angolanos, brasileiros, russos e chineses a comprarem peças muito caras. Mas também, dizem-nos, o desvio no paralelo, dessas peças muito caras, para mercados onde a procura continua em alta para relógios de série limitada e de que o mercado português recebeu um ou dois exemplares.

Isto explicaria tudo? Não, até porque grandes importadores de Alta Relojoaria estão baseados em Espanha e trabalham Portugal como uma zona ibérica. As exportações helvéticas, nomeadamente de muitas dessas peças de preço elevado, seguem primeiro para Espanha, sendo assim contabilizadas estatisticamente, e só depois chegam a Portugal. Conclusão – o mercado espanhol vale menos do que os números oficiais indicam. E o mercado português vale mais. Voltaremos ao assunto, até porque não é fácil de explicar um Setembro com 188,9 por cento de aumento…

[Entretanto, Estação Cronográfica contactou a Fédération Horlogère e recebeu a seguinte explicação:

Un nombre de montres et de bijoux ont été déclarés comme exportations pour une exposition, ce qui fausse les chiffres des exportations vers le Portugal en septembre 2013.

Pensamos que a exposição a que se refere a Fédération Horlogère é a realizada há dias num dos torreões do Terreiro do Paço pela Officine Panerai, mas não temos a certeza].

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