Fado Primavera
Todo o amor que nos prendera,
Como se fora de cera,
Se quebrava e desfazia.
Ai funesta Primavera,
Quem me dera, quem nos dera,
Ter morrido nesse dia.
E condenaram-me a tanto,
Viver comigo meu pranto,
Viver, viver e sem ti.
Vivendo sem no entanto,
Eu me esquecer desse encanto,
Que nesse dia perdi.
Pão duro da solidão,
É somente o que nos dão,
O que nos dão a comer.
Que importa que o coração,
Diga que sim ou que não,
Se continua a viver.
Todo o amor que nos prendera,
Se quebrara e desfizera,
Em pavor se convertia.
Ninguém fale em Primavera,
Quem me dera, quem nos dera,
Ter morrido nesse dia.
Poema de David Mourão Ferreira, cantado por Amália Rodrigues
terça-feira, 20 de março de 2012
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Não vejo por que razão
é que era na primavera
que o amor tinha à espera
as tábuas do seu caixão!
JCN
Enviar um comentário