Editorial Julho
O regresso das grandes feiras?
A Baselworld, que durou um século, chegou a ser a maior
feira do mundo no sector da Relojoaria, e que desde 2019 se não realiza,
afundada numa crise de conceito acentuada pela pandemia Covid, vai voltar - em
Março/Abril de 2022, anunciou a empresa que a explora, o MCH Group.
As datas mais precisas serão coordenadas com os eventos que
por essa altura se realizarão em Genebra - como o Watches & Wonders e
haverá até ao final de 2021 o lançamento de uma plataforma digital Baselworld.
Mas alguns meios avançam desde já com o período de 31 de Março a 4 de Abril,
coincidindo com a semana de eventos relojoeiros de Genebra - que decorrem de 30
de Março a 5 de Abril.
Com marcas como a Rolex, a Patek Philippe ou a Chopard a terem
abandonado, entretanto, a Baselworld, mundando-se para Genebra, juntando-se ao
Richemont Group; com o Swatch Group ou o grupo LVMH fora, será que a feira de
Basileia renasce das cinzas?
De qualquer forma, é toda a indústria do luxo, e não apenas
a Relojoaria, que repensa desde há anos a estratégia de presença em grandes
certames internacionais. O sector automóvel ou o da moda também o fazem. A
pandemia apenas veio acentuar uma tendência de abandono desse tipo de
estratégia.
Segundo a consultora The Bridge to Luxury (TBTL - http://www.thebridgetoluxury.com/),
há coisas que vieram para ficar:
- Os elevados gastos feitos nesses grandes eventos são o
primeiro alvo no corte de despesas das marcas de luxo.
- Durante a pandemia, os orçamentos foram cortados de forma
dramática. É duvidoso que alguma vez retornem aos níveis do passado.
- De forma a minimizar custos, muitas marcas serão cada vez
mais tentadas a lançar novos produtos e a cultivar contactos com os
consumidores e os media através de eventos feitos in-house ou de
iniciativas locais, possivelmente mesmo limitadas à sua rede de retalho.
- Devido à falta de procura, nem todos os eventos globais
sobreviverão a longo prazo ou tenderão a diminuir de escala e ou a passar ao
formato digital.
- Isso irá acelerar o processo de concentração entre os
fornecedores de eventos e a sua internacionalização.
Diz Frank Müller, CEO da TBTL: “Sempre considerei as grandes
feiras, congressos e conferências como o cartão de visita da indústria do luxo
como tal. Os eventos são uma afirmação da nossa identidade. […] A grande
questão, agora é a de saber se, como indústria, cedemos a uma ainda maior
democratização do luxo e nos focamos cada vez mais nas redes sociais e na venda
online, contribuindo para a sua profanação, vulgarização e decadência a longo
prazo.”
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