Editorial
Rolex rex
Ano terrível, para a relojoaria helvética, o de 2020. Agravado pela pandemia, mas com sintomas que já vinham de trás e que não vão desaparecer quando a situação de saúde pública voltar ao normal.
O Morgan Stanley acaba de publicar o seu relatório anual
sobre o sector e, dele destacamos as seguintes conclusões:
A produção da Rolex diminuiu cerca de 20 por cento (810 mil
relógios produzidos no ano passado) mas, mesmo assim, ganhou fatia de mercado,
dado que as marcas dos grupos LVMH, Swatch e Richemont contraíram ainda mais. As
receitas da Rolex terão quebrado 14 por cento, calcula o banco, para se fixarem
nos 4,2 mil milhões de francos suíços.
Mesmo assim, o grupo Rolex (com a sua marca associada
Tudor), ultrapassou pela primeira vez o Swatch Group, que até agora era o maior
do sector, com marcas que vão de Breguet a flick-flack, passando por Omega,
Longines ou Tissot.
Nayala Hayek, Presidente do Swatch Group, culpa o poder político
pelos resultados, que ela diz serem fruto dos “fúteis” confinamentos totais
decretados nos vários países. As vendas em 2020 caíram de 8,2 mil milhões de
francos para 5,6 mil milhões e, de 800 milhões de lucros passou para 53 milhões
de prejuízos.
O Swatch Group não dá resultados por marcas, mas o Morgan
Stanley calcula que a maior, Omega, terá recuado de 2,4 mil milhões para 1,8
mil milhões de francos em vendas, com a produção a cair de 720 mil para meio
milhão. O adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio e da estreia do novo filme da
série James Bond, de que a Omega é associada, também contribuíram para a
quebra.
Num quadro geral, as exportações relojoeiras suíças
quebraram em 2020, face a 2019, algo como 21 por cento em valor e 33 por cento
em unidades. Nos relógios de preços mais baixos, a Suíça deixou simplesmente de
ser competitiva e esse segmento deverá desaparecer da fileira industrial a
muito curto prazo, provocando inevitáveis despedimentos. A Tissot, por exemplo,
está a sofrer muito, tendo feito no ano passado metade das receitas que fez em
2019. A TAG Heuer, do grupo LVMH, foi também das que mais sofreu, com quebras
de mais de 30 cento em vendas.
Segundo o Morgan Stanley, são seis as marcas que conseguiram
ultrapassar os mil milhões de francos em vendas em 2020 – Rolex, Omega,
Cartier, Patek Philippe, Longines e Audemars Piguet, embora todas elas tenham
diminuído o volume de negócios. A Tudor foi das poucas marcas suíças que
aumentou as vendas no ano passado. A outra foi a Chanel.
O segmento de relógios com preço público superior a 7 mil francos (ou euros), representa 70 por cento do valor total das exportações, embora conte para apenas 10 por cento do volume.
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