No Núcleo do Tempo do Arquivo Ephemera há um volume sobre o qual não encontrámos, até agora, quaisquer referências, o que denotará a sua raridade. Capa do Almanach da Parisiense para 1873, com ilustração de Alberto e impressão em Lisboa. Para além de escassas 16 páginas com as habituais indicações sobre o calendário, as 54 restantes são preenchidas com um só texto, anónimo, intitulado "A parisiense".
De qualidade literária acima da média para este tipo de publicação, parece-nos ser um original em português e não uma tradução, como era habitual na época.
De cariz quase sempre a roçar o erótico, "A Parisiense" fala da perna da dita, comparando-a com a da espanhola, que "é roliça e carnuda", com a da italiana, que é "longa e forte, e quase viril", para concluir que "a parisiense tem tanta ufania pela sua perna, como o soldado pela sua espada; sabe que é uma arma ofensiva, da qual saem faiscas, que deslumbram os transeuntes".
"Moda, na boca das parisienses, é como razão de estado na dos políticos", diz o autor anónimo. "Em Paris, o homem considera o casamento como um grilhão com que se vai prender; a mulher considera-o como uma lima para cortar o grilhão que a prende".
Quanto a sexo e infidelidades, terminamos com algumas páginas onde se fala de uma taça, sempre em cima de um fogão de sala. Ora à esquerda, ora à direita. Ás vezes, a dona da casa coloca-a ao meio, diante do relógio. Sinal de... Um dia, o marido também mexeu na taça.
Quem será o autor deste curioso texto?
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