Leonardo da Vinci morreu a 2 de Maio de 1519, faz hoje precisamente 500 anos. Boa altura para recordar as investigações que o génio levou a cabo no âmbito da Relojoaria.
Um espírito tão aberto a tudo o que o rodeava não poderia passar indiferente de uma das novidades tecnológicas que se ia impondo no quotidiano renascentista italiano e europeu – o relógio mecânico. Por essa altura, a relojoaria começava a aplicar molas como força motriz, em substituição da gravidade (dos pesos). Leonardo interessou-se por vários modelos de molas e pelo seu fabrico, dedicando-lhes vários estudos.
Entre os muitos exemplos deixados nos seus célebres apontamentos, estão vários folios do Codex de Madrid, onde estuda a aplicação da mola helicoidal para o disparo de armas de fogo, para o fecho de cadeados, submetidas a tensão ou a cargas progressivas. Além disso, trabalha em ferramentas para o fabrico dessas molas, procurando uma melhor qualidade. Uma delas, aplicada a um relógio.
No fólio 863r do Codex Atlanticus está mesmo o desenho de um relógio, que trabalha graças à força libertada por um par de molas em forma de folha, sob tensão. Com um sistema de regulação para a libertação da energia de forma o mais constante possível. Leonardo, como outros da sua época, tentou resolver essa importante questão da libertação constante da força contida numa mola sob tensão. E trabalhou no sistema que depois viria a ser usado, tanto em relógios de grande porte como de médio ou mesmo de bolso ou de pulso – o de fuso e corrente.
Esse sistema de fuso e corrente joga com a passagem de uma corrente por um cone, modelo que as bicicletas de mudanças ainda hoje usam. Quando a mola helicoidal se vai expandindo, a força que liberta vai também diminuindo. Mas essa força mais fraca é compensada por um raio maior do cone por onde a corrente vai passado, mantendo-se assim o torque mais ou menos constante. Leonardo trabalhou esse sistema não apenas para relógios como para outros mecanismos, como máquinas voadoras.
Leonardo não inventou a mola helicoidal como força motriz (as primeiras aplicações terão sido em armaria) nem tampouco o sistema de fuso e corrente (também de autor desconhecido), mas compreendeu e potenciou a sua aplicabilidade, nomeadamente em Relojoaria.
O interesse de Leonardo pela Relojoaria insere-se num mais geral pelo estudo da transmissão do movimento através de vários tipos de engrenagens. Ele deixou estudos para a transformação dos vários tipos de movimentos, de vertical para rotativo e vice-versa.
O mais surpreendente será o desenho contido no folio 8r do Códice de Madrid, onde Leonardo apresenta um escape de pêndulo. O relógio de pêndulo foi inventado em 1656 pelo holandês cientista Christiaan Huygens, que transmitiu as suas ideias a um relojoeiro, Salomon Coster, que lhe construiu o modelo. Huygens tinha-se inspirado nas leis do pêndulo, descritas pelo italiano Galileo Galilei cerca de 1602. O Códice de Madrid terá sido escrito entre 1490 e 1505.
Os estudos de Relojoaria de Leonardo levaram-no posteriormente a outras temáticas que usam trens de rodagem e engrenagens, como os autómatos.
“Qunado vistos no seu próprio contexto, os projectos de relojoaria de Leonardo são bonitos, mas de maneira nenhuma comparáveis à mestria demonstrada pelos mestres relojoeiros italianos do seu tempo, que realizaram maravilhas, com incrível capacidade, não apenas no papel mas também em peças que funcionavam”, faz-nos notar Plinio Innocenzi, no seu livro The Innovators Behind Leonardo: The True Story of Scientific and Technological Renaissance. “Os desenhos de Leonardo são muito atraentes – são belos, sentimo-nos atraídos pelo seu apelo estético – mas não nos devemos esquecer de colocar tudo na perspectiva histórica correcta”.
A 5 de Fevereiro de 2007 assistíamos em Florença a uma conferência do Professor Paolo Galuzzi, Director do Museo Galileo - Istituto e Museo di Storia della Scienza daquela cidade, sobre o génio de Leonardo da Vinci.
Assinatura de Leonardo e aspecto da conferência, organizada pela marca relojoeira suíça IWC, que mantém uma linha apelidade de Da Vinci
Calendário Perpétuo IWC Da Vinci, com caixa de ouro branco ou amarelo
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