[...] Vós atestais que as nações podem ser antigas sem serem velhas. As pátrias são corpos vivos, palpitantes e incorruptíveis: almas que as gerações vão reencarnando e perpetuando. As nações são a História em marcha através do espaço e do tempo. Os povos não têm idade, porque em qualquer período da sua existência há uma geração que tem vinte anos, quer seja no gótico século XII a geração do rebelado moço Afonso Henriques e dos seus companheiros vestidos de ferro, quer seja no século XX, os soldados republicanos da Flandres, vestidos de kaki.
O que não é possível é pretender que os homens de hoje falem e pensem como os homens de ontem, que o tempo pare, que a vida se imobilize, que o futuro seja apenas o complacente espelho em que se mire o passado. Se a mocidade repetisse as ideias do pretérito deixaria de ser mocidade. Mocidade é sinónimo de Amanhã.
Carlos Malheiro Dias, referindo-se a António Ferro, 1922
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