Swatch Sistem51 - reportagem no Fora de Série Especial Relógios 2013:
Swatch comemora 30 anos com relógio revolucionário
À espera do Sistem51
Fernando Correia de Oliveira, em Basileia
Este Outono poderá vir a ser verdadeiramente marcante para a história da relojoaria. A Swatch prepara-se para lançar o Sistem51, o primeiro relógio mecânico do mundo a ser inteiramente montado sem intervenção humana. E sem precisar de manutenção, ao longo de toda a sua vida.
O Sistem51 foi apresentado na Baselworld 2013, em Abril, e deverá chegar às lojas neste mês de Outubro, com um preço ainda não divulgado, mas que estará entre os 100 e os 200 francos suíços. Algo próximo dos 130 ou 140 euros, arriscaríamos.
O nome Sistem51 advém do facto, também ele revolucionário, de ser feito de apenas 51 componentes, incluindo pulseira e caixa. No interior, todas as partes móveis são seguras por apenas um parafuso, central. A Swatch garante que o relógio é 100 por cento Swiss Made.
Por estranho que pareça, a Swatch, uma das marcas mais globalmente reconhecidas, nunca tinha estado presente na Baselworld, a maior feira do mundo em termos de relojoaria. E isto apesar do Swatch Group (a que pertencem marcas que vão da Breguet à flik flak, passando por Blancpain, Jaquet Droz, Omega, Longines, Tissot, Rado, Hamilton ou Certina) lá estar sempre e em força.
Mas 2013 é um ano especial para a Swatch. Foi em 1983 que se lançou o primeiro relógio da marca, um feito que deu a volta à decadência do sector na Suíça, permitindo-lhe recuperar e gozar da pujança que hoje tem.
Assim, comemorando 30 anos, a Swatch socorreu-se de equipas do universo Swatch Group, nomeadamente Nivarox (órgãos reguladores), Comadur (novos materiais) e ETA (calibres), para desenvolver este Sistm51 totalmente de raiz.
Um relógio normal de quartzo tem cerca de 90 componentes. Um relógio mecânico, pelo menos mais de 150. Com a redução para apenas 51, a Swatch terá feito uma revolução que poderíamos comparar à que o chamado Sistema Roskopf fez no século XIX, quando reduziu substancialmente as peças dos relógios de bolso, tornando-os assim mais baratos e acessíveis a mais pessoas.
O Sistem51 acaba de ser votado Relógio do Ano no Salão Internacional de Alta Relojoaria, no México. Haverá contradição óbvia entre os termos – alta relojoaria e Swatch – mas… o júri, composto por jornalistas especializados de várias nacionalidades, e nos quais nos incluímos, achou que o novo relógio da Swatch poderá representar uma revolução. Tão importante como a protagonizada pela marca há 30 anos, com a sua abordagem de marketing, moda, irreverência.
Nas redes sociais, a reacção ao Sistem51 tem sido mista, entre amor e rejeição. Do ponto de vista estético, foram apresentadas em Basileia apenas quatro versões e nenhuma delas verdadeiramente entusiasmante. Espera-se mais criatividade quando o relógio chegar à lojas.
De qualquer modo, e do ponto de vista unicamente industrial, o Sistem51 é extraordinário. Os desenvolvimentos conseguidos pela Swatch, com a ajuda da ETA, da Nivarox e da Comadur, estão obviamente patenteados e serão usados decerto no seio do Swatch Group.
O calibre do Sistem51 é inteiramente feito de ARCAP, uma liga de cobre, níquel e zinco, com qualidades antimagnéticas, que ajudam ao seu isocronismo. Uma vez montado, não há acesso ao calibre, que fica hermeticamente fechado na caixa. Mas, dada a sua precisão – tem um escape de tipo novo, regulado uma única vez, por laser, durante a produção, e deverá ter desvios de apenas 5 segundos por dia – não precisa de ser regulado. Nunca. Por outro lado, não haverá poeira a entrar, favorecendo a longevidade. Quanto a lubrificação, a Swatch não foi muito explícita, mas diz também que ela não é necessária, dada a natureza do material usado.
Depois, a arquitectura do Sistem51 é igualmente inovadora. As peças móveis são seguras por um único parafuso, central e o rotor (dado ser um relógio automático) é periférico (gira bidireccionalmente, na periferia do verso da caixa, deixando à vista o centro). Isso não o impede de garantir 90 horas de autonomia. Na montagem, onde não há qualquer interferência humana, as peças poderão ganhar cores diversas, ser estampadas, numa estética onde não há limites a não ser a imaginação.
Dos modelos conhecidos, do que gostámos mais foi o que tem a representação de um céu estrelado, inspirado em Copérnico e na sua leitura do movimento celeste. Diz a Swatch que o Sistem51 será tão revolucionário para a relojoaria como o sistema heliocêntrico foi para as mentalidades.
A Swatch garante a quem comprar o Sistem51 que o troca se ele não estiver dentro dos parâmetros anunciados. E que o relógio não precisa de manutenção durante 10 a 20 anos. Ao certo, ninguém sabe.
Sistem51, o Roskopf do século XXI?
Sem comentários:
Enviar um comentário