Contemplação
Vejo passar o tempo, o rio calmo
Onde se afoga o desespero humano;
Imagino-lhe a foz, no trágico oceano
Da morte;
E a nenhum Sul ou Norte
Consciente
Consigo vislumbrar-lhe a lírica nascente.
Já caudaloso em cada latitude,
Em vão procuro a fonte
Que lhe dê começo:
A madrugada de uma telha de água,
Hesitante
Antes do grande dia
Que toda a madrugada principia.
Ganges sagrado do desassossego,
Vem dos confins do nada
Em direcção ao grande mar vazio;
E à tona da barrenta omnipotência,
Leva a cega inocência
Naufragada
De cada vida nele purificada.
Miguel Torga
domingo, 8 de setembro de 2013
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3 comentários:
O tempo ver passar
sem querer inquirir
para onde se quer ir
ou se pretende estar
é a pura maldição
da humana condição
que importa corrigir
para um qualquer sentido lhe encontrar!
JCN
Mais que a foz onde vai ter
importa averiguar
donde poderá brotar
um qualquer rio ao nascer!
JCN
O tempo no seu trajecto
por ninguém se deixa ver,
seja às curvas ou directo
o seu jeito de correr!
JCN
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