Ao triste estado
Passa por este valle a primavera,
As aves cantam, plantas enverdecem,
As flores pelo campo apparecem,
O mais alto do louro abraça a hera;
Abranda o mar; menor tributo espera
Dos rios, que mais brandamente descem,
Os dias mais fermosos amanhecem,
Não para mim, que sou quem dantes era.
Espanta-me o porvir, temo o passado;
A magoa choro d'hum, d'outro a lembrança.
Sem ter já que esperar, nem que perder.
Mal se pôde mudar tão triste estado
Pois para bem não pôde haver mudança,
E para maior mal não pôde ser.
Frei Agostinho da Cruz
quinta-feira, 28 de março de 2013
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1 comentário:
Nunca se muda, em geral,
para melhor, é bem certo:
é saber universal
há muito já descoberto!
JCN
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