Em cada Primavera veste a tua alma, como a Natureza, do manto claro da Esperança. Em cada Primavera, a Vida reverdece. Uma palpitação nova percorre e agita a terra.
Olha o teu jardim: nos canteiros, acordam as roseiras, ainda ontem nuas e tristes; nas folhagens ressurgem os voos – e a canção das flores volta a cobrir os ramos que o Inverno despojou e emudeceu.
Cada Primavera é uma lição em que a Natureza, se a souberes escutar, te ensina que de cada dor refloresce uma esperança; de cada saudade renasce uma ilusão e que a vida é uma cadeia infinita de estações do ano, de que a tua própria vida não é senão a transitória sombra.
A Primavera é a imagem da Mocidade e, assim como, mesmo no mais duro Inverno, existe, encoberto, o germe de que há-de reflorir Abril, assim no teu próprio Inverno existe, perene e rediviva, a centelha de uma mocidade, se a souberes guardar no teu coração, mesmo quando ela já não exista nos teus olhos.
Augusto de Castro, in Viagem no Meu Jardim, 1943
domingo, 24 de março de 2013
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4 comentários:
O tempo da juventude
faz lembrar a primavera
por efeito ou por virtude
de serem breve quimera!
JCN
As rosas da primavera
são de curta duração:
a própria brisa as altera
antes que chegue o verão!
JCN
Que me perdoe o poeta, mas decerto q se houver juventude no coração, de alguma forma o veremos no olhar...je pense. Boa tarde.
Cabe-lhe toda a razão
no que diz da juventude,
mas somente quando alude
às coisas do coração!
JCN
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