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domingo, 6 de novembro de 2011

Para alem de relojoeiros - de Gutemberg a Yamaha, passando por Le Corbusier

Torakusu Yamaha

Foi através do Projecto Memória que ficámos a saber que Torakusu Yamaha, fundador do grupo industrial nipónico Yamaha, teve como primeira profissão a de relojoeiro.

Aqui ficamos a saber que TorakusuYamaha era descendente da família Tokugawa, na região de Kishu (actualmente prefeitura de Wakayama), terceiro filho do astrónomo Kounosuke Yamaha. Fascinado desde criança pela mecânica, dotado de grande habilidade de mãos, aprendeu o ofício de relojoeiro em Nagasaki (cidade fundada no século XVI pelos Jesuítas, no âmbito do Padroado Português do Oriente, e onde os padres criaram a primeira escola de Relojoaria do Japão, ainda hoje existente).

Estação Cronográfica tem recolhido, ao longo dos anos, elementos sobre personagens que, tendo-se distinguido nas mais variadas áreas, e o sr. Yamaha é um dos que ainda não tínhamos sabido.

Na crónica para a revista Jóias de Família, da Torres Joalheiros, escrevemos exactamente sobre algumas dessas personagens:

Para além de relojoeiros


O que é que têm em comum um dos pioneiros da indústria automóvel, os geniais inventores da imprensa, do linótipo, da harmónica ou um dos mais importantes mágicos e um músico de rock heavy metal? Na distância dos séculos, uma linha os une – a prática da relojoaria.

Desde há anos que vimos coleccionando nomes de pessoas mais ou menos conhecidas, e que em algum momento das suas vidas foram relojoeiros. Não só há aqui dados curiosos, por vezes surpreendentes, como também se pode deduzir que os relojoeiros são gente quase sempre de uma mentalidade avançada para a sua respectiva época…

Vejamos, então, e por ordem cronológica:

Johannes Gutenberg (1398 – 1468), inventor da imprensa, vinha de uma familia de ourives e relojoeiros alemães, de uma zona de tradição relojoeira, e na sua juventude habituou-se a trabalhar com mecanismos, rodas dentadas, úteis para o seu invento, tendo sido ele próprio relojoeiro.

Daniel de la Feuille (1640 – 1709), nascido em Ardens, França, huguenote, saiu do seu país e instalou-se em Amsterdão, devido às perseguições religiosas, e foi aí relojoeiro. Mas também ficou conhecido como um dos maiores cartógrafos do seu tempo.

Nicole-Reyne Etable de la Brière, mais conhecida como Madame Lepaute (1723-1788). Francesa, casou-se em 1748 com Jean-André Lepaute, um dos maiores relojoeiros do seu tempo, e colaborou com o marido na concepção de relógios. Além disso, foi astrónoma importante, fazendo em 1759 os cálculos para determinar a data exacta para o reaparecimento do cometa Halley.

Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais (1732 – 1799), filho de um relojoeiro protestante na França predominantemente católica, foi relojoeiro e músico da corte antes de começar a escrever peças de teatro, sendo também o editor de Voltaire.

Dietrich Nikolaus Winkel (1780 – 1826), relojoeiro de Amsterdão, foi o inventor do metrónomo.
Louis-François-Clément Bréguet (1804 – 1883), neto do famoso Abraham-Louis Bréguet. Relojoeiro, inventor, desenvolveu a bobina de indução e um tipo de telégrafo, foi membro da Academia de Ciências de França.

Jean Eugene Robert-Houdin (1805 – 1871), Filho de Prosper Robert, um dos melhores relojoeiros de Blois, França, foi também relojoeiro, até descobrir as Artes Mágicas. Dedicou os últrimos 11 anos da sua vida a esta última actividade, sendo considerado como o pai da magia moderna. O escapista Ehrich Weiss mudou o nome para Harry Houdini em honra de Houdin.

Heinrich Göbel, depois Henry Goebel (1818 – 1893), nascido na Alemanha, foi relojoeiro e inventor, tendo emigrado para os Estados Unidos. Desenvolveu a lâmpada incandescente um quarto de século antes da patente de Edison.

John Thomson (1837 – 1921), relojoeiro, nascido na Escócia, partiu para Singapura, onde o irmão mais velho, também relojoeiro, produzia cronómetros de marinha e outros instrumentos científicos. Thomson foi o primeiro fotógrafo a documentar a China, viajando por todo o país, então desconhecido do resto do mundo em termos de imagens.

Henri Lioret (1848 – 1938), relojoeiro francês famoso, filho de relojoeiro, estabeleceu-se em Paris, teve clientes como o Czar da Rússia. Desenvolveu o cilindro cónico de gravação de som.

Ottmar Mergenthaler (1854 – 1899), alemão, relojoeiro, inventou o linotipo, uma máquina capaz de fazer o trabalho de seis compositores. Considerado como o segundo Gutemberg.

Henry Ford (1863 – 1947), Norte-americano, começou muito jovem a fazer reparações em relógios de todo o tipo, muitas vezes de graça, apenas pelo prazer de manusear mecanismos. Foi relojoeiro em part-time e deverá ter sido o seu contacto com a relojoaria que lhe deu as duas ideias fundamentais com que revolucionou a indústria automóvel: a produção em cadeia e a utilização de peças estandardizadas.

Louis Chevrolet (1878 – 1941), nascido em La Chaux-de-Fonds, Suiça, filho de relojoeiro, aprendeu o ofício e emigrou para Detroit, Estados Unidos, onde fundou uma empresa de construção de automóveis. Foi tão importante para a indústria que a General Motors deu, em sua memória, o nome Chevrolet a uma das suas marcas.

Matthias Hohner (1883 – 1902), relojoeiro alemão, fundou em 1857 a mais famosa fábrica de harmónicas. Inventou diversos tipos deste instrumento, foi considerado o Stradivarius da harmónica.

Charles Edouard Jeanneret, Le Corbusier (1887 – 1965), filho de relojoeiro, nascido em La-Chaux-de-Fonds, berço da relojoaria suíça, estudou na escola de relojoaria local, especializou-se no fabrico de caixas para relógios. Tudo, claro, antes de se tornar num dos mais importantes arquitectos de sempre.

Por último, Dan Spitz (1963, New York), filho de um advogado e de uma professoram, membro fundador dos Anthrax, uma banda de heavy metal. Em 1995, confrontado mcom uma desilusão enorme face à vida artística, foi para a Suíça, ingressou no WOSTEP, a famosa escola de relojoaria, sendo o melhor aluno do seu ncurso. Voltou aos Estados Unidos, onde montou uma oficina de reparação de relógios e está a trabalhar para, um dia, ter a sua própria marca.

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