Existe um relógio de sol equatorial ou universal no Museu de Marinha, em Lisboa, assinado “marquant le temps vrai et le temps moyen, fait et inventé par André Berthet, horloger à Lisbonnne, 1774” (marcando o tempo verdadeiro e o tempo médio, feito e inventado por André Berthet, relojoeiro em Lisboa, 1774).
Para o Comandante Estácio dos Reis, especialista em instrumentos de marinha, esta peça é “uma das mais belas” existentes no museu.
Dispondo de dois níveis de bolha de ar, cruzados, para que a sua base fique na posição horizontal, e de uma pequena agulha magnética, para o orientar segundo o plano do meridiano do local onde se encontra, o relógio pode ser usado em latitudes entre 30 e 45 graus.
Segundo Estácio dos Reis, a sua particularidade mais importante e rara é fornecer o tempo médio, ou seja, resolve a chamada “equação do tempo” (diferença de entre mais 14 e menos 16,5 minutos ao longo do ano no movimento de rotação da Terra, que tem como Dia Solar Médio sempre as 24 horas).
Esta e outras particularidades da construção deste relógio tornam-no de excepcional qualidade, refere Estácio dos Reis.
Quanto a André Berthet, “não conhecemos mais nada a não ser que foi, também, fabricante de um outro relógio de sol, muito mais simples, que se encontra em colecção particular”, diz o especialista.
Na Biblioteca Nacional há, com o nome de André Berthet, um poema laudatório a D. José, no dia da Inauguração da sua estátua equestre no Terreiro do Paço, em 1775. Como está escrita em francês, é provável que tenha sido o relojoeiro o seu autor.
Berthet andou por Portugal numa altura em que o Marquês de Pombal fundou na zona do Rato/Amoreiras um complexo industrial que incluiu uma Real Fábrica de Relojoaria. Essa fábrica, dirigida por franceses, produziu relógios mecânicos, ampulhetas e relógios de sol.
Quanto ao Museu de Marinha, além deste relógio de sol precioso, tem no seu acervo outros medidores de tempo - desde logo astrolábios, mas também ampulhetas e cronómetros de marinha, que vale a pena apreciar.
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