A notícia foi-nos dada hoje por um amigo comum. Morreu o Zé Ramada Curto, num acidente rodoviário, em Espanha. Veio-nos logo à memória umas irrepetíveis férias na Páscoa de 1972. A foto em cima, com o Zé ao centro, foi tirada na Serra da Estrela, onde fomos com a intenção de fazer treino de guerrilha... sim, eramos então todos guevaristas.
O Zé Ramada Curto e o Jorge Casaca, alunos do Colégio Militar, tinham saído, para integrar a turma do Liceu Passos Manuel que dava acesso a Direito - a chamada "Alínea E". E, com eles, traziam manuais rudimentares de treino militar, que nós iríamos levar à prática na região serrana, tendo ficado bem acantonados na residência que a família Alçada Baptista tinha na zona. O Pedro, um dos filhos do António Alçada Baptista, era também nosso colega e garantiu a logística.
Os ares da serra e as "primas" da Covilhã que, entretanto, foram aparecendo, esmoreceram de um dia para o outro o zelo revolucionário. E as noitadas passaram a ser de vinho tinto, chouriço assado e... fado.
Nesta última modalidade, destacou-se desde logo o Zé, que do alto dos seus quase dois metros, lançava o vozeirão (afinado) e debitava o inevitável Embuçado. Outro obrigatório no alinhamento era o Saudade, Silêncio e Sombra. Havia também um, satírico, que metia um anão e um gato, mas já não nos lembramos do nome. As gargalhadas do Zé eram também famosas, soltas em cascata e a transbordar de bonomia.
Seguimos na vida. O grupo da turma de Direito no Passos Manuel vai-se vendo. Num quotidiano facebookiano, reaproximámo-nos nos últimos anos do Zé Ramada Curto.
Até sempre, Zé!
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