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terça-feira, 6 de março de 2018

Relógios & Canetas online Março - o mercado em segunda mão


A edição de Março do Relógios & Canetas online, dedicado à Alta Relojoaria, Instrumentos de Escrita, Jóias e outros objectos de luxo, já está disponível. Pode ser decarregada aqui, aqui ou aqui. Ou, se vai viajar pela TAP, no quiosque virtual da companhia.

Editorial

O mercado em segunda mão

Fernando Correia de Oliveira

Como em tudo, também no mercado de relógios usados a globalização e as transacções online dominam cada vez mais – um mercado pequeno e especulativo como o português tem ficado cada vez mais alinhado por preço e por peças com o resto do mundo. Toda a gente, vendedores e compradores, sabe a cotação de um determinado modelo – basca efectuar uma busca num dos sites internacionais especializados neste tipo de peças. E isso é bom.

A febre do vintage (peças da segunda metade do século XX) e o acesso ao consumo de centenas de milhões de novos amantes da relojoaria (sobretudo na Ásia) tem provocado a subida dos preços – e estamos a falar de peças de aço, de edições não limitadas.

A segurança nas transacções no e-commerce é um dos obstáculos neste tipo de negócio – tanto no que respeita ao uso dos meios electrónicos de pagamento como no que respeita à autenticidade do produto à venda. Mas isso não obsta a que ele tenha crescido exponencialmente.

As marcas relojoeiras têm encarado com alguma desconfiança este mercado de venda de relógios em segunda mão, que consideravam como concorrente. Mas a atitude está a mudar – o valor envolvido neste segmento de negócio assim o exige.

E os pontos de venda, inclusivamente em Portugal, começam a ter a sua secção de usados ou de “new old stock”. Recentemente, no Salão Internacional de Alta Relojoaria, em Genebra, ficámos a saber que uma marca de Alta Relojoaria tão clássica como a Audemars Piguet tenciona criar uma rede de lojas de compra e venda de relógios em segunda mão. O CEO da marca, François-Henry Bennahmias, estima que este negócio represente, para a sua marca, 10 a 20 vezes o dos relógios novos.

Estivemos recentemente em Zurique, num evento onde contactámos com o novo CEO da Breitling, Georges Kern. Uma das novidades que trás para a nova estratégia da marca é a criação de zonas nas suas boutiques (que agora se chamam lofts) onde passará a estar disponível um conjunto de peças Breitling vintage. Kern anunciou ainda a criação de um site para vendas online de relógios em segunda mão.

A independente Richard Mille vai iniciar a venda de relógios em segunda mão nos Estados Unidos. Jean-Claude Biver, responsável pelo polo de relojoaria do gruyo LVMH (TAG Heuer, Hublot e Zemith) também está a ponderar entrar no mercado vintage.

O maior grupo de relojoaria de luxo do mundo, o Richemont, com marcas como Cartier, Vacheron Constantin ou Jaeger-LeCoultre, também estará a estudar a hipótese de tomar directamente em mãos a compra e venda online de relógios vintage do seu portefólio.

Calcula-se que o mercado de relógios em segunda mão valha anualmente 5 mil milhões de euros, se incluirmos as peças vendidas em leilões. Comparado com os 37 mil milhões de euros que se calcula valer o mercado mundial de relógios novos, parece pouco. Mas os observadores fazem notar que o mercado dos relógios usados tem crescido nos últimos cinco anos uma média de 40 por cento ao ano, enquanto o dos relógios novos cresceu apenas entre 3 a 5 por cento. E há quem preveja que o mercado em segunda mão ultrapasse o dos novos nos próximos cinco anos.

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