Quando a noite se aproximava, ao retomar o caminho do meu isolamento, detinha-me sobre as pontes para presenciar o pôr do Sol. O astro, inflamando os vapores citadinos, parecia oscilar lentamente num fluído áureo como se fosse o pêndulo do relógio dos séculos. Partia em seguida envolto na noite através de um labirinto de ruas ermas. Ao observar as luzes que brilhavam nas casas dos homens, transportava-me em pensamento ao seio dos espectáculos de dor ou de alegria que elas iluminavam, e pensava que debaixo de tantos tectos habitados não contava um amigo sequer.
Em meio destas minhas reflexões soavam as horas a toques ritmados na torre da catedral gótica e iam-se repetindo, em todos os timbres e a todas as distâncias, de igreja em igreja. Oh, não há hora no mundo que não abra um túmulo e não faça correr mares de lágrimas!
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