Já os gregos apresentaram dois grupos semânticos fundamentais referentes ao conceito do tempo: chrónos, o tempo quantitativo e linear, para significar o fluir inelutável do tempo, sem qualquer possibilidade de intervenção humana, e kairós, incidindo sobre o tempo qualitativo, enquanto crise e enquanto oportunidade, para referir aqueles momentos no tempo em que o homem é convocado a uma intervenção decisiva. Chrónos devora os seus próprios filhos, segundo o mito; kairós é a oportunidade oferecida aos homens para a viragem e a conversão, e tem também a ver com aquela experiência de pontos no tempo tangidos pela eternidade - pense-se na experiência da beleza, do amor, da música, da criação -, quando o tempo na sua voragem fica suspenso e mesmo anulado. A experiência da transcendência!
Anselmo Borges
quarta-feira, 16 de maio de 2012
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