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sábado, 6 de março de 2010

Pista da semana - o Marégrafo de Cascais e o seu relógio


(fotos arquivo Fernando Correia de Oliveira)



Há um pequeno edifício, de telhado em abóbada circular, que passa despercebido a quem ande pelos lados da baía de Cascais, mesmo junto à água, na Cidadela.

Trata-se da estrutura que alberga um dos mais antigos instrumentos científicos a trabalhar ininterruptamente em Portugal, mais precisamente há quase 130 anos – um marégrafo.

Mas não é um marégrafo qualquer: é o primeiro a existir no país, e responsável pelo zero altimétrico (estabelecido no final do séc. XIX para se proceder ao levantamento cartográfico moderno do país). Dentro, tem um relógio histórico, que vale a pena ver.

A peça, assinada “A. Borrel Sr de J. Wagner – Paris 1877” e foi ali foi instalada poucos anos depois.
Jean Wagner apresentava-se como Horloger, Mécanicien, estabelecido desde 1830 na Rue de Montmartre, 118, Paris.

Quanto a Amadée-Philippe Borrel (1818-1887), este relojoeiro sucedeu a “Jean Wagner sobrinho” na oficina da Rue de Montmartre. É conhecido por várias invenções respeitantes a relógios de torre e pelos que construiu para as universidades de Utrecht e de Coimbra (nesta última, o relógio Borrel está há muito desactivado e em seu lugar funciona um eléctrico).

O Marégrafo de Cascais é pois do chamado “sistema de Borrel”. Um relógio exactamente igual existe noutro marégrafo nacional, o de Lagos, instalado em 1902, e que está hoje parado porque as palhetas do escape do relógio se têm partido com frequência.


Da Wikipedia:

O sistema de medição do marégrafo de Cascais foi um dos primeiros de recolha de dados sobre o nível do mar instalados na Europa, existindo especificamente para este fim, a recolha de dados sobre as correntes e as marés. Funcionou experimentalmente durante cerca de um ano, sofrendo diversas remodelações para se adequar ao local em que foi instalado, tendo aí funcionado durante alguns anos.

Em 1895 foi movido para a sua actual localização, uma vez que no local de sua primitiva instalação os dados recolhidos não eram muito fiáveis, por estar demasiado longe do mar.Datum Altimétrico, que funciona como "Zero de Referência" altimétrico, sendo todos os dados altimétricos de Portugal medidos a partir dos desta medição, que foi feita entre 1882 e 1938.

Este Marégrafo tem um sistema de medição analógico, funcionando com uma bóia que está colocada num poço em que entra água, ligado directamente ao mar. O movimento da bóia é transmitido por um sistema de cordas e roldanas que está conectado ao sistema de medição, mais precisamente a uma caneta que regista numa folha de papel quadriculada, cujas linhas verticais representam as 24 horas do dia e as linhas horizontais a altura do nível do mar em relação à marca no bordo do poço, em metros. Esta folha está colocada num tambor que gira periodicamente devido a um sistema de relógio com autonomia de 4 dias. O movimento deste tambor é cronometrado por um relógio acertado pelo Tempo_Universal, coincidindo com a Hora_Legal_Portuguesa.

Os dados do marégrafo de Cascais são muito procurados por toda a comunidade científica, nacional e internacional, sendo enviados, por exemplo, para o Permanent Service For Mean Sea Level, já há mais de 120 anos. Estes dados são posteriormente disponibilizados numa Base de Dados de acesso mundial e utilizados nos mais variados programas científicos.

Um dos dados mais importantes que foi recolhido por este Marégrafo, identifica o aumento do nível médio das águas do mar ao longo do Século XX, que foi de 1,3 mm por ano. Actualmente, o Marégrafo de Cascais é operado pelo Instituto Geográfico Português, estando todos os seus dados a ser digitalizados por este, para serem devidamente estudados.

Contactando a Câmara Municipal de Cascais, é possível visitar o interior do Marégrafo e ver o relógio Borrel/Wagner que, há mais de um século, assegura o movimento certo do tambor de registo, 24 sobre 24 horas.

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