A crise na Farfetch
Apesar de um significativo aumento no volume geral de
negócios e um recorde de 34,1 milhões de clientes online no segundo trimestre
de 2023, os lucros da Farfetch diminuíram de 531 para 525 milhões de euros.
As vendas, tanto em loja como online diminuíram,
nomeadamente a última modalidade, em 15 por cento, face a período homólogo de
2022.
A Farfetch é uma plataforma líder mundial no mercado on-line
de moda de luxo. O site foi fundado em 2008 pelo empresário português José
Neves, com sede fiscal em Londres. Hoje, a empresa já tem filiais no Porto,
Braga, Guimarães, Lisboa, Nova Iorque, Los Angeles, Tóquio, Xangai e São Paulo.
Muito dependente dos mercados norte-americano e chines,
parece que a Farfetch tem perdido nos últimos meses a atracção que vinha
demonstrando junto dos investidores. Numa espiral que poderá levar a problemas
sérios. A inflação nos Estados Unidos e o arrefecimento da economia chinesa em
tempos pós-pandémicos estarão na base desta situação.
Na bolsa, entre 2022 e 2023, as acções da Fartecch perderam
90 por cento do seu valor.
Agora, e para ajudar a tornar os mercados ainda mais
voláteis, o Richemont Group, o maior em termos de luxo no segmento de Relógios
e Jóias, anunciou em comunicado que está a “acompanhar muito de perto” a
situação na plataforma criada por José Neves.
Numa curta declaração, emitida a 29 de Novembro, e que fez
de imediato as manchetes dos media de Economia, o Richemont Group informa os
seus accionistas que não tem quaisquer obrigações financeiras sobre a Farfetch
e que não tenciona emprestar ou investir capital na empresa.
No segundo parágrafo, o Richemont Group diz que está
analisar as suas opções quanto ao acordo que tinha com a Farfetch, anunciado a
24 de Agosto de 2022, que prevê, numa troca de participações, a aquisição por
parte desta de 47,5 por cento do capital da YOOX NET-A-PORTER (“YNAP”), a
plataforma digital rival, que pertence ao primeiro.
“Nem as marcas Richemont nem a YOOX NET-A-PORTER (“YNAP”) adoptaram
até agora as FARFETCH Platform Solutions e continuam a operar nas suas próprias
plataformas”, informa o comunicado.
A crise na Farfetch está a ter um impacto considerável nas
vendas do Luxo em geral e o seu desaparecimento seria o encerrar de um capítulo
nesse segmento.
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