As vitrines das casas de jóias entram em compita de riqueza e gosto: aqui a relojoaria suíça, delicada, elegantíssima, ostenta os seus primores, os seus inexcedíveis "Patek Philippe", a par dos artefatos sólidos da relojoaria americana, dos "Waltham" feitos a máquina, grossos, esparramados, angulosos, profusa e desgraciosissimamente ornamentados. Ali a prata do Porto, aereamente, maravilhosamente filigranada, casa sua alvura
mate aos reflexos fúlvos da ourivesaria francesa, às cintilações mágicas dos brilhantes puríssimos do Brasil, dos diamantes coloridos do Cabo, dos rubis, das safiras, dos topázios, das ametistas, das opalas irisadas. A luz brinca nos lavores dos metais e nas facetas das pedrarias em um tal deboche de magnificência, que faz lembrar os contos de fadas, a caverna de Aladim.
Júlio Ribeiro, carta, São Paulo, 5 de outubro de 1887, in A Carne, 1888
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