[...] Num dia o sol alumia
e falta; num dia um reino
troca-se inteiro; num dia
é edifício uma penha;
num só dia uma batalha
se perde ou vitória ostenta;
num só dia tem o mar
tranquilidade e tormenta;
num só dia nasce um homem
e morre. Logo, pudera
num dia ver meu amor
sombra e luz como planeta,
dita e pesar como império,
gente e brutos como selva,
paz e calma como o mar,
glória e ruína como a guerra
vida e morte como dono
de sentidos e potências;
e havendo tido idade,
num dia, a sua violência
de me fazer infeliz,
porquê, porquê, não pudera
ter idade, num só dia,
de me fazer feliz? É
justo engendrar mais lentas
as glórias do que as ofensas? [...]
Pedro Calderón de la Barca
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
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1 comentário:
Num só dia, longo ou breve,
muita coisa tem lugar
e por isso não se deve
coisa nenhuma estranhar!
JCN
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