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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O Zenith com alarme que Nehru ofereceu a Gandhi


Esta é a história, no início do século XX, de um exemplar dos primeiros relógios de bolso com alarme Zenith, que pertenceu ao Mahatma Gandhi…

A função de alarme ainda é uma das mais fascinantes complicações da relojoaria. A Zenith registou a primeira patente em 1913 de um relógio no qual era possível acertar a hora do alarme com uma coroa de parafuso especial. Este primeiro marco abriu caminho para os relógios de bolso lançados em 1915 que estavam disponíveis em várias versões, ou seja, com uma caixa metálica dourada, prateada, de aço enegrecido ou branca.

Estes relógios de bolso mostraram ser altamente funcionais uma vez que além da função de alarme, a caixa tem uma tampa com dobradiças ao meio-dia que, quando aberta, pode ser utilizada como suporte para o relógio e assim, permitir pousá-lo numa mesa.

A coroa com dupla função dá corda ao movimento no sentido normal, da esquerda para a direita. No outro sentido, dá corda ao alarme. O centro está equipado com dois botões de acerto que emolduram a coroa. O botão direito permite acertar a hora e o botão esquerdo permite acertar a hora do alarme. Um contador situado ao meio-dia no permite ler a hora do alarme. Esta versão com mostrador tem algarismos árabes luminescentes. O ponteiro dos segundos está posicionado às 6 horas.

A partir da sua filial de Londres, a Zenith Watch Co., começou em 1914 a exportar relógios para países tão distantes como a Índia. O novo relógio de bolso com alarme apareceu pela primeira vez em 1916 em anúncios nos jornais indianos.

Jawaharlal Nehru, um dos líderes da luta pela independência, e primeiro-ministro de 1947 a 1964 (e pai de Indira Gandhi, chefe de governo de 1966 a 1977 e de 1980 a 1984), ofereceu uma versão em prata deste Zenith de bolso com alarme ao seu mentor, o Mahatma (Grande Alma) Gandhi.

Mas o relógio foi-lhe roubado, durante uma viagem de comboio. Entristecido por ter perdido um dos poucos objectos materiais que levava consigo para todo o sítio e que ritmava a sua vida diária, Gandhi escreveu alguns dias mais tarde, numa das suas notas, a 28 de Maio de 1947: “Tinha um mecanismo de alarme. Tinha-me sido oferecido. Era um relógio Zenith.”

Seis meses mais tarde, em Nova Deli, o ladrão que tinha ficado a saber da tristeza do Mahatma em relação à sua perda e cheio de remorso, pediu para ver Gandhi, para lhe devolver o objecto roubado e pedir perdão. A saga deste modelo durou muitos mais anos, visto que, antes de morrer, Gandhi deu o relógio à sua neta e assistente Abha Gandhi.

O relógio acabaria posteriormente nas mãos de coleccionadores privados. Em Março de 2009, os leiloeiros da Antiquorum puseram em praça um lote que incluía os famosos óculos redondos, uma tigela e um prato, o relógio com alarme assim como as sandálias de Gandhi.

Estes objectos  fiéis companheiros do Mahatma Gandhi, foram vendidos pela quantia recorde de 1,8 milhões de dólares ao milionário indiano Vijay Mallya, regressando assim à sua terra natal.



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