quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
"Ao terceiro sinal..." - Morreu "a voz" do tempo britânico
Deliciosa história, contada à maneira do The Economist. No Obituário da sua edição mais recente, referência a Brian Cobby, que durante décadas foi a única voz masculina no serviço da hora telefónico britânico (todas as outras vozes do serviço eram femininas). Reformado desde 2007, continuava a ser reconhecido por onde ia... especialmente pela voz. E lá lhe pediam que desse o tempo: "ao terceiro sinal são...." (Clique na imagem para aumentar).
Sobre este tema, leia-se em História do Tempo em Portugal - Elementos para uma História do Tempo, da Relojoaria e das Mentalidades em Portugal (Diamantouro 2003):
Recorda-nos Mário Costa, nas suas Duas curiosidades lisboetas..., que dois elementos contribuíram no século XX português para a vulgarização e conhecimento da hora oficial: um foi o relógio falante, da Companhia dos Telefones de Lisboa (uma gravação à hora, minuto e segundo, o célebre “ao terceiro sinal serão...), que ainda vigora, mas agora abreviado – “ao segundo sinal serão…” O segundo elemento é o sinal horário da Emissora Nacional de Radiodifusão, iniciado quando a rádio era o grande meio de ligação comunitário luso, “de Lisboa a Timor”. Esse sinal sobreviveu aquando da passagem da mudança de nome da Emissora Nacional para RDP (depois da democratização do país, em 1974) e só em 1992 foi extinto temporariamente por uma administração apressada. Perante os protestos generalizados, pouco depois estava de novo no ar. Em Setembro de 2003, com o pretexto de entrada em vigor de uma nova grelha de programação, o sinal foi mais uma vez abolido e substituído por um mais anódino. Logo voltaram os protestos. Um “histórico” como Adelino Gomes, dizia que se tinha deitado para o lixo, num segundo, “o mais belo sinal horário do mundo”, “solene e límpido”, “a imagem de marca, o referencial estético sonoro do serviço público de Radiodifusão”. (113) A própria Comissão de Trabalhadores diria que o desaparecimento do velho sinal horário, de “estética subtil” e “património” da empresa, “é como se a Rolls Royce repentinamente retirasse o ícone da ‘proa’ dos seus carros”. (114)
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