[...] Foge a vista por entre as espaçosas
Alamedas sem fim, pelos passeios,
Onde a frouxo se enrufam, se apavonam,
Possantes damas, lépidas Muchachas,
De altos telónios (1), rubidos rebiques,
As sedas ruge-ruges arrastando
Pela rodante - polvorosa areia.
Ali casquilhos mil, afrancesados,
Brinco na orelha - goelas abafadas
Com um tufado lençol, em rancho os guizos
Pendem com os farfalhudos perendengues
De estiradas cadeias do relógio;
Quadrado é o talhe da cardada trunfa,
Dengue a servilha preta, luzidia,
E é gigante a fivela roça-ruas (2) -
Seu livro de fitinha na algibeira,
Noutra a ponta do lenço debruçada,
Chamariz de cadimos ratoneiros.
É riso, é compaixão, é menosprezo
Vê-los em seu meneio, e desengonço!
Não movem pé, nem mão, não volvem olhos,
que não seja afectada macaquice,
consultada com o espelho, arremedada,
De algum maricas do palácio, insonso. [...]
Filinto Elysio, in Sonho, dedicado ao Ex.mo Sr. P. M. de M.
1 - toucados altos
2 - de tamanho exagerado, maiores que os sapatos
sábado, 11 de fevereiro de 2012
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