Est. June 12th 2009 / Desde 12 de Junho de 2009

A daily stopover, where Time is written. A blog of Todo o Tempo do Mundo © / All a World on Time © universe. Apeadeiro onde o Tempo se escreve, diariamente. Um blog do universo Todo o Tempo do Mundo © All a World on Time ©)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Interessante antologia popular sobre a temática do Tempo


Vénus, Cupido e o Tempo (Alegoria da Luxúria) (1540-1545)
Agnolo Bronzino (1503-1572)
Óleo sobre Madeira (147 x 117 cm)
National Gallery, London

Com autorização do autor, deixamos aqui interessante post sobre o Tempo, de Hernâni Matos, no seu blog No Tempo da Outra Senhora

A História é um relato crítico dos acontecimentos do passado, no qual o Homem foi o actor principal. Não há História sem Homem, como também não há História, sem espaço e sem tempo, variáveis físicas indispensáveis à caracterização dos cenários onde decorre a acção. A História é assim um fluxo de acontecimentos que se sucedem na teia quadrimensional espaço-temporal, onde estamos inseridos, seja por graça de Deus ou fruto do Big-Bang. Para o caso tanto faz.

Vejamos o que sobre o tempo nos diz a nossa Literatura de Tradição Oral. A nível do Adagiário Português, múltiplas sentenças proclamam que o tempo é algo que flui:

- “O tempo é ligeiro e não há barranco que o detenha.”
- “O tempo que vai não volta.“
- “O que o tempo traz, o tempo leva.“
- “O tempo corre e tudo descobre.“
- “O tempo é o relógio da vida.“
Outros adágios sublinham o valor do tempo:
-“ O tempo não é elástico.“
- “Sem tempo nada se faz.“
– “O tempo não é elástico.“
- “O tempo é dinheiro.“
Por outro lado, existem também provérbios que nos advertem relativamente à perda de tempo:
– “Quem o tempo sabe poupar, muito tem a ganhar.“
– “O tempo perdido não se recupera “
- “Quem tem tempo e tempo espera, tempo perde.“
Finalmente existem aforismos relativos às mudanças de tempo:
– “Mudam-se os tempos, mudam os pensamentos.“
– “Mudam-se os tempos, mudam as vontades.“
– “Outros tempos, outros costumes.“

A nível de lengalengas, é bem conhecida a seguinte:

O TEMPO

“O tempo pergunta ao tempo
Quanto tempo o tempo tem.
O tempo responde ao tempo
Que o tempo tem tanto tempo
Quanto tempo o tempo tem.”

O tempo mede-se em “horas”, que têm como submúltiplos o “minuto” e o “segundo” e, como múltiplos, o “dia”, a “semana”, o “mês”, o “ano”, o “século” e o “milénio”. Algumas destas unidades de tempo são referidas no Adagário Português:
Minutos
- “Amizade de um dia, recordação de um minuto.”
- “Mais vale ficar vermelho cinco minutos, que amarelo toda a vida.”
- “Mais vale perder um minuto na vida do que a vida num minuto.”
Horas
- “De uma hora para a outra, cai a casa. “
- “Em má hora nasce, quem má fama alcança.”
- “Há horas do Diabo.”
- “Há horas felizes.”
- “Há horas para tudo.”
- “Todos têm a sua hora.”
- “Uma hora melhora outra.”
Dias
- “Ainda não se acabou o dia de hoje.”
- “Amizade de um dia, recordação de um minuto.”
- “Bons dias em Janeiro pagam-se em Fevereiro." “
- “De manhã se faz o dia.”
- “Fevereiro coxo, em seus dias vinte e oito."
- “Há mais dias que linguiças." “
- “Mais criam dias que meses." ““
- “Nada como um dia depois do outro.
- “Não há como um dia depois do outro.”
- “Nem todos os dias há carne gorda."
- “O dia de amanhã, ninguém viu.”
- “Os dias são do mesmo tamanho, mas não se parecem”
- “Quando a fome aperta, os minutos parecem séculos.”
- “Roma e Pavia não se fizeram num dia.”
- “Tudo tem seu dia.”
- “Um hóspede ao cabo de três dias enjoa.”
Semanas
- “A semana do trabalhador tem seis dias, a do preguiçoso seis manhãs.”
- “Não há semana sem quinta-feira.”
- “Quem à semana bem parece, ao domingo aborrece.”
- “Se esta semana é curta, sete dias traz a outra.”
Meses
- “A água falta nos meses, mas nunca falta no ano."
- “De pendão a grão, trinta dias são.”
- “Deixar correr trinta dias por um mês.”
- “Mais criam dias que meses."
- “Todo o mês volta outra vez.”
Anos
- "A água falta nos meses, mas nunca falta no ano."
- "Antes ano tardio do que vazio."
- "Ao ano andar, aos dois falar." “
- “A velhice não está nos anos.”
- “Ao moço e ao galo, um ano.”
- “Atrás de ano, ano vem.”
- “Os anos não perdoam.”
Séculos
- “A História se repete através dos séculos.”
- “De século em século, a História repete-se.”
- “Largos dias têm cem anos.”
- “Quando a fome aperta, os minutos parecem séculos.”

Segundo a Mitologia Popular Portuguesa, o tempo de vida de uma pessoa tem a ver com o dia de nascimento e a sua orientação geográfica ao dormir:
- Quem nasce em dia de Natal, vive muito tempo. [1]
- É bom dormir com a cabeça para o Nascente, porque se vive muito tempo, de acordo com o adágio:
“Cabeça para o Nascente
E pés para o Poente,
Viver eternamente.” [1]
A Mitologia Popular Portuguesa refere-se também à simultaneidade de acontecimentos, a qual pode ser benéfica:
- Se duas pessoas abrirem a boca ao mesmo tempo, hão-de ser compadres ou vizinhos. [1]
Todavia, a simultaneidade de acontecimentos pode ser malévola:
- Se duas ou mais pessoas lavam as mãos ao mesmo tempo na mesma bacia, ou se limpam à mesma toalha, nesse dia jogam à pancada. [1]
- Se dois casamentos se fazem ao mesmo tempo, um deles há-de ser infeliz porque a felicidade foge inteiramente para o outro. [1]
- Se duas pessoas bebem água ao mesmo tempo, uma delas adoece. [1]
- Quando na mesma terra, dois relógios dão horas ao mesmo tempo, é sinal que aí está para morrer alguém. [1]
O tempo é tema central de telas criadas por grandes nomes da pintura universal, dos quais destacamos, agrupados por períodos:
- RENASCENTISMO: Domenico di Michelino (1417-1491), italiano; Agnolo Bronzino (1503-1572), italiano
- MANEIRISMO: Gian Battista Zeloti (c. 1526-1578), italiano;
- BARROCO: Simon Vouet (1590-1649), francês; Pietro Liberi (1605-1687), italiano; Jean-François de Troy (1679-1752), francês; François Lemoyne (1688-1737), francês;
- RÓCÓCÓ: Giovanni Battista Tiepolo (1696-1770), italiano;
- ROMANTISMO: Francisco de Goya y Lucientes (1746-1828), espanhol;
“Porque o tempo gasta tudo” e “Tempo bastante sempre é pouco”, julgo chegado o tempo de dar por terminado este texto..

BIBLIOGRAFIA
[1] - CONSIGLIERI PEDROSO, “Supertições Populares”, O Positivismo: revista de Filosofia, Vol. III. Porto, 1881.

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