O nosso Lar !
Minha Madrinha, ajuda-me a sonhar !
Que a nossa casa se erga dentre uma eminência,
Que seja tal qual uma residência,
Alegre, branca, rústica, por fora.
Que digam : « É o Sr. Abade que ali mora.»
Mas no interior ela há-de ser sombria,
Como eu com esta melancolia :
E salas escuras, chorando saudades ...
E velhos os móveis, de antigas idades ...
(E, assim, me iluda e, assim, cuide viver
Noutro século em que eu deveria nascer. )
E nas paredes telas de Parentes ...
E janelas abertas sobre os poentes ...
( E a Quimera lerá o seu livro de rezas ... )
E cravos vermelhos por cima das mesas...
E o relógio dará as horas devagar,
Como as palpitações de quem se vai finar ...
E, o dia todo, neste claustro e solidão,
Passarei a esquecer, ao canto do fogão ;
E a cismar e a cismar sem que me veja alguém
Na Dor, na Vida, em Deus, nos mistérios do Além ?
E eu o Astrólogo, o Bruxo, o Aflito, o Médio,
António nobre só
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