Mas tudo passa neste Mundo transitório.
E tudo passa e tudo fica ! A Vida é assim
E sê-lo-á sempre pelos séculos sem fim !
Ainda vejo a tua casa, e oiço os teus gritos
( Mas nas janelas e na porta vejo escritos. )
O Vasco é ainda sempre triste, sempre sério
( Mas mais ainda quando vem do cemitério. )
Meu quarto de dormir vejo-o no mesmo estado
( Mas não sei que é, não me parece tão caiado.)
A janela ainda tem o mesmo parapeito
( Mas já não sou « o estudantinho de Direito ». )
Na sala de jantar ainda se estende a mesa
( Mas já não tem a mesa posta, a sobremesa. )
Vejo o relógio na parede como outrora
( Mas o ponteiro marca ainda a mesma hora. )
O candeeiro ainda tem o petróleo e a torcida
( Mas apagou-se a luz a quando a tua vida. )
A diligência passa, à tardinha, a tinir,
( Mas já não tem os olhos teus para a seguir ... )
Passam ainda pela Estrada os estudantes
( Mas não destraçam suas capas, como dantes. )
Vêm da novena ainda as moças e as donzelas
António Nobre, Só
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