No Arsenal da Marinha, em Lisboa, pequena sala contígua ao quarto do médico de serviço de mobiliário muito pobre. Algumas cadeiras. Um relógio de parede, a funcionar, marca as 17,40. Anoitece. Ouvem-se tiros gritos de homens, ordens de «para trás! para trás!». Confusão. Dois ou três marinheiros, uns após outros, atravessam a cena a correr, entrando e saindo gritando horrorizados: «Mataram o Rei!», «Meu tenente mataram o Rei e o Príncipe!» «É a revolução! É a revolução!». Ouvem-se mais tiros. Por entre a gritaria, protestos de «assassinos! assassinos! bandidos!» Entra um grupo de homens, do qual fazem parte civis e marinheiros, levando o Rei, com o seu sobretudo de generalíssimo, cabeça pendente, nuca e rosto ensanguentado...
FREITAS FILHO, Amadeu de - D. CARLOS : reportagem dramática. Lisboa, Empresa Nacional de Publicidade, 1934. Evocação do regicídio ocorrido a1 de fevereiro de 1908
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