Editorial Outubro
O fim do retalho multimarca?
O segmento industrial dos relógios topo de gama sofrerá
importantes modificações geográficas, de circuitos comerciais e segmentos de
consumidores nos próximos 5 anos, à medida que recupera dos choques pandémicos
e abraça novas formas de fazer negócio. A previsão é de um estudo conjunto de
The Business of Fashion e da McKinsey & Company, dedicado a Relógios &
Jóias, num horizonte temporal de 2021 a 2015.
Os lucros serão transferidos dos retalhistas para os
fabricantes de relógios, à medida que os modelos de negócio directos ao
consumidor vão ganhando importância, enquanto o mercado em segunda mão passará
a ser o segmento com crescimento mais rápido no sector. Os players de mercado
para o nível médio serão os mais prejudicados, sofrendo pressões de todos os
lados.
Durante décadas, o retalho offline tem sido praticamente o
único canal de vendas da indústria relojoeira, com os retalhistas multi-marca a
monopolizarem o relacionamento com o cliente final. Mas, com os consumidores a
exigirem melhores experiências de compra online e as marcas a procurarem
margens mais elevadas, os fabricantes aumentarão os seus canais directos ao
consumidor, prevendo-se que, até 2025, cerca de 2,4 mil milhões de dólares de
lucros sejam transferidos dos retalhistas para as marcas.
Relógios & jóias, combinados, representam segundo a
McKinsey, vendas anuais de mais de 329 mil milhões de dólares – 280 mil milhões
para a jóias, 49 mil milhões para os relógios. Além disso, o sector tem representado,
ao longo de séculos, a preocupação humana em criatividade, estatuto, simbolismo
e auto-afirmação.
Com a crise pandémica, as jóias perderam entre 10 a 15 por
cento do volume de negócios, sendo de 25 a 30 por cento a quebra nos relógios.
Este sector do luxo tem sido dos últimos a aderir à transição digital, com as
vendas online a representarem apenas13 por cento do mercado das jóias e 5 por
cento do dos relógios. O consumo durante viagens – parado durante a pandemia –
representava 30 por cento tanto para jóias como relógios. Os mercados internos
serão a prioridade, principalmente a China.
O valor global do retalho joalheiro deverá crescer de 8 a 12
por cento por ano até 2025. Já o dos relógios, deverá ficar entre os 1 e os 3
por cento.
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