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quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Em busca dos "afluendors" - Editorial de Setembro do Relógios & Canetas online


Em busca dos “afluendors”

Jornalistas especializados, vinda de todo o mundo, acotovelando-se em redor de uma mesa. Trocando relógios, colocando-os no pulso, tirando rajadas de “wristshots”, colocados de imediato nas redes sociais. Cenas que tão cedo não se repetirão. Talvez mesmo nunca mais… O mundo mudou, o contacto físico próximo entre pessoas, a partilha de objectos, as viagens de avião para encontros mundiais, feiras, salões… Tudo poderá ter sido remetido para o Caixote de Lixo da História.

François-Henry Bennahmias, CEO da Audemars-Piguet, iconoclasta até agora com êxito, foi o primeiro a anunciar que a marca deixaria de estar na rede de retalho clássica, passando a ser apenas acessível nas suas boutiques. E abandonou a estratégia de presença em salões e feiras do sector. Em entrevista recente, Bennahmias vai mais longe e antevê a total “desmaterialização” do retalho – não são precisas quatro paredes para vender um relógio. Mas, só um click no computador, não chega.

“Quando falamos de luxo, queremos ser atingidos por emoções. Que podem ser perante um relógio, uma obra de arte, sapatos, um saco, qualquer coisa. As emoções são entre pessoas. O computador não te dará a emoção”, diz. “O que agora procuramos é melhorar o que podemos fazer no futuro para provocar respostas emotivas. Mas não se julgue que queremos estar permanentemente em cima do nosso cliente. O luxo é como a dança. Se te aproximas demasiado, acabas por pisar os pés do outro. Temos que reaprender a noção de interagir com os clientes”.

Em Neuchâtel, Thomas Baillod iniciava há um ano uma experiência disruptiva em termos de acessibilidade da sua marca - BA111OD – que só é possível adquirir a partir de um anterior comprador que recomende um novo.

Baillod avança com um conceito por si inventado, o do “afluendor” (Ambassador + inFLUENcer + venDOR). E com a fusão do físico com o digital ("phy-gitale") em termos de vendas. Trata-se de um ecossistema que envolve uma marca relojoeira e a sua distribuição através de uma comunidade de "Afluendors" ligados através de uma aplicação, e onde todos os intervenientes no processo de venda são recompensados, incluindo os cientes finais. “BA111OD não é uma marca, é um conceito”, diz.

O histórico Jean-Claude Biver antevê o futuro do sector: “Vamos assistir a uma concentração em quatro frentes: os fornecedores de peças, que vão sofrer muito, fechar, fundir-se ou ser comprados; idem para as marcas e o retalho; finalmente, os consumidores, em tempos de crise, vão procurar comprar coisas que sejam valores seguros, vão fortalecer ainda mais os agora mais fortes”.

Quanto às feiras e salões, Biver decreta a sua inutilidade: “Os salões já não servem para nada. Cada marca tem hoje filiais em todos os países. Está em contacto permanente com os seus clientes. Não precisas de ir a um salão anual, onde estejam todos os outros, quando já estás presente todo o ano no terreno”.



Estes e outros milhares de objectos de luxo mostrados e explicados aquiaqui ou aqui, no Relógios & Canetas online, a mais importante plataforma do seu género em língua portuguesa.


Imagens do Salão de Alta Relojoaria de Genebra de 2019: neste tempo AC (ante covid) era "tudo ao molho"... No novo tempo DC (pos covid), estas cenas nunca mais se repetirão...




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