Est. June 12th 2009 / Desde 12 de Junho de 2009

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sexta-feira, 5 de junho de 2020

Roubo de relógio na Praça de São Marcos, em Veneza

Variedades

Veneza foi antigamente famigerada pela sua.adm iravel Policia. Succedeo porém hum d i a , que estando paoseando hum Fidalgo Frances, no largo de .S. Marcos , foi alli roubado subtilmente de hum rologio de valor. Immediatamente que percebeo a sua falta , dirigio-se á Secre­taria da P o lic ia , aonde expressando com pouco resguar­do a sua indignação deste acontecim ento, perpetrado de d ia , em huma Praça P u b lic a , e enr paiz de huma' tão gabada P olicia: responde-lhe o Commissario a quem es­te se tinha queixado : « T o m ai cuidado como fallnes da Policia de Véneza , pois que a vossa qualidade de estran­geiro não vos protegerá, se vos entregardes a similhanles invectivas. Depositai aqui quatro Zechins, e dirigi-vos, áinanhã á mesma h o ra , ao lugar aonde perdestes o vosso relo g io , com a segurança que elle vos será restitu íd o .» O F rances foi p o n tu a l, e esperou tres horas sem noticia do seu relogio. Ainda mais arrebatado do que d an tes, tornou a procurar o Commissario de P o lic ia , e im pre­cando violentamente sobre a maneira com que tinha sido vergonhosamente roubado , e depois enganado , havendo não somente perdido o seu relogio, e os seus Zechins,mas também o seu tempo que lhe era igualmente precio­so : « O lh ai para o vosso bolso ,« respondeo-lhe o C om ­m issario, e alli achou com grande admiração o seu relo­gio! Dizendo-lhe o Com m issario, « vósainda tendes mais algum a cousa que aprender da Policia Feneziana, p ara o que, este Ofiicial vos acom panhará.» Tendo descido a hum subterrâneo, o seu guia o conduzio por vários ca­minhos medonhos e de abobeda, augmentando-se-lhe a cada passo que dava o susto do que estava para lhe suc- ceder, até que chegou a hum q u a rto , escassamente alu­miado pela luz de huma can d èa, aonde n ’hum recesso a cortina do qual foi co rrid a, appareceo aos seus olhos hor- rorisados, suspendido por huma co rd a, o ladrão que o ro u - bára. ( Courier.)

Gazeta de Lisboa, n.º 221, de 18/09/1824 (arquivo Fernando Correia de Oliveira)

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