sábado, 5 de dezembro de 2015
Relógios & Canetas online Dezembro - Editorial
Já está disponível aqui e aqui a edição de Dezembro do Relógios & Canetas online. São 177 páginas dedicadas inteiramente ao mundo da alta relojoaria, instrumentos de escrita, jóias e outros objectos de luxo.
Editorial:
Quando o luxo vai à mercearia
Até há meio século, antes da revolução operada por factores como a massificação da publicidade, da fotografia, do marketing, do culto da coscuvilhice social e do sponsoring, artigos de luxo eram sobretudo jóias e artigos de vestuário sumptuosos (de seda, pele e outros materiais raros).
Hoje, são os grandes grupos do luxo, com os seus portefólios de marcas e uso maciço da comunicação, que preenchem o quotidiano – de ricos e pobres – de artigos aspiracionais, do mais variado tipo, considerados de luxo.
A antiga noção de luxo – objecto permanente, físico e transmissível – começa a dar lugar a uma outra, o chamado “luxo experiencial”, ligado a acontecimentos transitórios, efémeros, irrepetíveis e… tão caros que estão mesmo ao alcance de poucos. Além de não serem possíveis de falsificar, como um saco ou um relógio.
Mas, com o barulho adicional das redes sociais, onde cada um cede à tentação de mostrar onde e como anda, onde e como come… também aí a saturação está cada vez mais próxima. Segundo sondagens recentes no mercado norte-americano, a tendência do luxo começa a ser cada vez mais “ser” e “fazer” do que “ter”, “possuir”. Cada vez se gasta mais dinheiro em viagens, o item clássico na categoria das experiências de luxo – viagens especiais, como expedições á Antártida, são o epítome do luxo.
Citado pelo New York Times, um guru do luxo, Pierre Bergé, companheiro do falecido Yves Saint-Laurent, não tem dúvidas: “Aquilo a que hoje chamamos de luxo é ridículo. Um saco que uma mulher leva para todo o lado – desde a mercearia ao aeroporto – não imagino como possa ser considerado luxo”.
Para muitos especialistas da indústria do luxo, o consumidor mais maduro, nos mercados ocidentais, está cada vez mais sofisticado e à procura de coisas verdadeiramente pessoais e únicas, enquanto o novo consumidor, proveniente dos mercados emergentes, continua à procura da marca e da etiqueta.
De qualquer modo, um cruzeiro à Antártida não impede que se vá vestido de marca e com um relógio caro no pulso. Para quem pode, um “pleno” de experiência pessoal não faz mal nenhum. Boas Festas!
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