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sexta-feira, 13 de junho de 2014

Relógios & Canetas online Junho - Relógios Frédérique Constant festeja primeira década de calibres próprios


Frédérique Constant comemora uma década de calibres próprios

Holandeses voadores

Fernando Correia de Oliveira, em Genebra

Uma festa no Bâtiment des Forces Motrices, no meio das águas do Ródano, em Genebra, marcou a primeira década de calibres próprios da Frédérique Constant, uma manufactura suíça com atitude… holandesa.

Um casal de expatriados, em Hong Kong vai olhando para as montras de relógios e não gosta do que vê. Estamos nos anos 1980. Holandeses, Peter e Aletta Stas lançam-se em 1988 com uma marca própria, encomendando tudo a fornecedores. Relógios clássicos, a um preço muito competitivo. A primeira colecção com calibres suíços surge em 1992. O passo lógico seguinte é levar a Frédérique Constant para… a Suíça. E assim é feito. Hoje, a empresa tem instalações industriais em Plan-les-Oates, nos arredores de Genebra, e está totalmente imersa no tecido social e empresarial local.

O nome Frédérique Constant vem da junção dos primeiros nomes e antepassados de cada um deles – Frédérique Schreiner (1881-1969) e Constant Stas (1880 – 1967). Este último, ascendente na quarta geração de Peter, fundou em 1904 uma empresa que fazia mostradores para a indústria relojoeira.

Este ano, a Frédérique Constant comemora uma década do lançamento do seu primeiro calibre desenvolvido internamente. Conseguindo um preço muito competitivo para relógios com calibre de manufactura – o Heart Beat – a Frédérique Constant foi cimentado a sua imagem de luxo acessível.

Ao longo dos últimos dez anos, o Heart Beat tem sido aperfeiçoado e material como o silício é agora usado no escape e roda do escape. Ao todo, a marca dispõe agora de 15 variações próprias.

Para comemorar os 10 anos de calibres in house, foram lançados dois modelos – Frédérique Constant Heart Beat Manufacture Sllicium, uma edição de 188 peças de ouro e 18 peças de platina; e Frédèrique Constant Slimline Tourbillon Manufacture, edição limitada de dez exemplares de ouro rosa e 10 de aço.



Entrevista Aletta Stas

Caminhando passo a passo

Está surpreendida com a rapidez com que uma marca tão jovem, fundada por holandeses, se conseguiu estabelecer no seio da indústria relojoeira suíça?

Devo dizer que, quando começámos, em 1988, nunca imaginaríamos que estaríamos agora onde estamos. Sempre crescemos passo a passo. Tudo o que fazemos tem continuidade. Talvez outros queiram fazer um Big Bang de vez em quando, nós caminhamos lentamente, sem alarde de maior, mas em continuidade. Com a festa comemorando os 10 anos de calibres próprios tivemos ocasião de olhar um pouco para trás e pensar… sim, o percurso não é nada comum. Mas, no nosso trabalho do dia-a-dia, nunca pensamos nisso. Até porque temos ainda muita coisa por fazer, há projectos em andamento.

A Frédérique Constant participa na vida empresarial suíça?

Quando começámos, foi no exterior [Hong Kong]. E quando chegámos à Suíça, não tínhamos quaisquer contactos. Pedimos as licenças necessárias, e nada mais. Entrámos num mundo onde toda a gente se conhece, andou nas mesmas escolas, casou entre si. O mundo da relojoaria, neste país, é mesmo muito fechado. Não nos dávamos com ninguém nem participávamos activamente nas associações industriais do sector. Só nos últimos cinco anos começámos a conhecer mais gente, os vizinhos, para começar. Colaboramos com a Piaget, por exemplo, em termos de segurança das instalações. E estamos cada vez mais integrados, participamos na discussão da Swissness, por exemplo.

Falando de Swissness, o conceito de integrar cada vez mais valor acrescentado suíço (60 por cento mínimo, na relojoaria) e protecção da marca Swiss Made, qual é a vossa posição?

Não temos problemas com os 60 por cento e achamos bem a protecção ao Swiss Made – isso é muito importante no mundo da relojoaria. Mas não se deve ir longe de mais, como o empregar apenas trabalhadores suíços, como há quem defenda.

Qual a importância do mercado chinês para a vossa marca?

Ele representa apenas 5 por cento do turnover da Frédérique Constant. Houve marcas que ficaram muito dependentes da China e que, agora, com as novas regras anti-corrupção e anti-luxo estão a sofrer muito. Diminuímos um pouco, mas isso não é significativo para os resultados globais da nossa companhia.

O grupo Frédérique Constant é composto pela marca com este nome, pela Alpina e pela Ateliers deMonaco. Pode explicar o conceito de cada uma delas?

Começámos com a Frédérique Constant com o objectivo de tornar acessível o luxo a um maior número de pessoas que gostam de relógios clássicos. Trata-se de uma marca suíça, com desenho clássico e contemporâneo. Os nossos clientes insistiam para que tivéssemos uma linha desportiva e resistimos sempre a não o fazer, porque a Frédérique Constant não pode descaracterizar-se e passar a ser tudo e nada. Tínhamos em carteira uma série de ideias para relógios desportivos, mas sem concretização. Em 2002 houve a oportunidade de comprar a Alpina, uma marca suíça com tradição no segmento desportivo e que pertencia a dois alemães já de idade avançada e cuja família não tinha interesse na companhia.

Em 2001 decidimos avançar com o nosso próprio calibre e em 2004 apresentámo-lo. Desde o início quisemos fazer um modelo simples, um três ponteiros, nada de complicações antes de dominar bem o processo industrial. Mas ao longo dos anos, com pesquisa e desenvolvimento, começámos a ter em carteira ideias para calibres mais complicados – e a nossa equipa de relojoeiros queria experimentar coisas como calendários perpétuos, repetições minutos, turbilhões… tudo coisas que não entram no espírito da Frédérique Constant, que será sempre um luxo acessível. Era uma pena não aproveitar esses desenvolvimentos, que são muito estimulantes para os relojoeiros. Assim, em 2008 criámos os Ateliers deMonaco, com relógios topo de gama, em edições muito limitadas.

O “estilo” holandês de abordar os assuntos determinou o sucesso da Frédérique Constant?

Penso que sim. Os holandeses são mais abertos quanto a comunicação. Quando entra na nossa sede, junto à recepcionista, pode ver em tempo real os números da produção de relógios – do dia, do mês, do ano. Ninguém no sector faz isso. Depois, os holandeses são muito pragmáticos e terra-a-terra [riso]. Não estão dispostos a pagar fortunas por um relógio, mesmo que tenham dinheiro para isso. Mas gostam de coisas bonitas. A nossa filosofia é a de dar produtos de luxo a um preço que consideramos razoável.

O vosso grande fornecedor de calibres é a Selita. Preveem problemas futuros quanto a abastecimento, face à novas regras da concorrência?

Não. Somos dos primeiros clientes da Selita e temos muito boas relações com eles.

Qual a percentagem de calibres próprios que equipam neste momento a vossa produção?

Um pouco mais de 20 por cento. No total, temos 45 por cento de relógios mecânicos e 55 por cento de quartzo. Estes últimos, são fornecidos pela Ronda.

No total, quantos relógios produzem actualmente?

Estamos a ultrapassar os 135 mil. O objectivo é, em 2020, estar nos 250 mil.


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