De emaranhadas cãs o rosto cheio,
De açacalada fouce armado o braço,
Giganteia estatura, aspecto baço,
Um velho em sonhos vi, medonho e feio.
"Não tenhas, ó mortal, de mim receio;
O Tempo sou (me diz) eu despedaço
Os colossos, os mármores desfaço,
Prostro a vaidade, a formosura afeio.
Mas sabendo a razão de teus pesares,
Pela primeira vez enternecido,
A falar-te baixei dos tênues ares.
Sofre, por ora, o jugo de Cupido;
Que eu farei, quando menos o cuidares,
Que te escape Natércia do sentido."
Manuel Maria Barbosa du Bocage
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3 comentários:
Pode o tempo demorar
a cumprir sua missão,
mas não deixa de empunhar
a sua foice na mão!
JCN
Por que motivo teremos
de o tempo representar
como um velho que tememos
e nos faz arrepiar?!
JCN
Ante Bocage me agacho
e lhe tiro o meu chapéu
pois me encontro muito abaixo
dos poemas que escreveu!
JCN
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