Coisas do Ephemera. Em 2017, o Museu de Almada e o Arquivo
Histórico de Almada efetuaram uma recolha na Relojoaria Ruby após mudança da
loja para a Rua Capitão Leitão, tendo salvaguardado um conjunto de relógios,
componentes, ferramentas e alguma documentação dispersa.
Um lote de faturas desse estabelecimento, referentes ao
período de 1984 a 1991, foi agora entregue ao Núcleo do Tempo do maior arquivo privado do país, que coordenamos, por
não ser considerado com interesse para as coleções municipais.
A interface entre a Câmara Municipal de Almada e o maior arquivo privado do país foi feito por Margarida Nunes, Técnico Superior do seu Departamento de Cultura. À Câmara Municipal de Almada, através de Margarida Nunes, obrigado.
Em 2017, o Museu de Almada fez uma entrevista ao proprietário da Relojoaria Ruby, onde ficaram registadas as seguintes informações:
A casa foi fundada em 1957, na Rua Sociedade Filarmónica
Incrível Almadense, n.º 8-B por Abílio Rodrigues Joaquim, natural de Almada,
nascido a 7 de Outubro de 1933. Estudou até à 4.º classe e aos 13 anos foi
trabalhar como moço de recados para um relojoeiro na Rua dos Sapateiros em
Lisboa, onde mais tarde viria a aprender os rudimentos da profissão. Com cerca
de 19 anos passa a trabalhar numa relojoaria na Rua das Janelas Verdes, junto
ao Colégio Olisiponense, propriedade de José Silvestre, conhecido por José do
relógio, antigo marinheiro que foi preso na chamada Revolta dos Marinheiros
(1936).
Em 1955, Abílio Rodrigues Joaquim entra como recruta em
Engenharia 1, tendo sido telefonista, radiotelegrafista e obteve especialidade
em mecânico de máquinas de filmar e de fotografar. Após a tropa decidiu abrir a
sua própria relojoaria, tendo sido o primeiro relojoeiro de Almada, numa época
em que existia apenas a Relojoaria Maia na Cova da Piedade e a Relojoaria Barão
em Cacilhas.
Para esse efeito arrendou uma casa de habitação de
rés-do-chão e fez obras de adaptação, ficando a loja com acesso direto à rua e
a parte detrás como residência de seus pais.
O nome da relojoaria – Ruby – será um acrónimo de “Rodrigues” com “Abílio”, tanto quanto Margarida Nunes se recorda das conversas com ele.
Além da profissão de relojoeiro acumulou com as funções de
carcereiro da cadeia civil de Almada, sendo reconhecido pelo seu humanismo no
trato com os presos, e foi ainda avaliador do Tribunal.
Foi sócio de várias coletividades, entre elas, os Bombeiros Voluntários de Almada, o Ginásio Clube do Sul, a Incrível Almadense e a Academia Almadense.
Por razões de mudança de proprietário e de segurança do
edifício onde se encontrava a relojoaria viu-se obrigado, por volta de 2015 a
mudar a relojoaria para as instalações da Escola de Música da Incrível
Almadense, na Rua Capitão Leitão, onde funcionou até por volta de 2020.
Abílio Rodrigues Joaquim continua a residir em Almada, numa
casa adaptada a partir das antigas celas da cadeia civil, estando integrada nas
instalações da sede da WeMob – Mobilidade de Almada.
No maço de faturas que chegou ao Ephemera, há referência a
vários importadores de relojoaria, a alguns “fabricantes” (quase sempre, apenas
montadores ou mesmo só com aposição do seu nome nos mostradores), a marcas como
a Timex ou a Reguladora.
Comentário de João Magalhães, ao ler no Facebook o post desta história:























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